Agências das Nações Unidas querem mais ação para combater praga de gafanhotos
Em comunicado conjuntos, chefes da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO, do Programa Mundial de Alimentos, PMA, e do Escritório de Assistência Humanitária disseram que a hora de pagar é agora para evitar uma conta mais cara depois.
Três líderes humanitários das Nações Unidas lançaram um apelo à comunidade internacional para combater as enormes nuvens de gafanhotos no leste da África.
Em comunicado, o diretor-geral da FAO, QU Dongyu, o subsecretário-geral de assistência humanitária, Mark Lowcock, e o diretor-executivo do PMA, David Beasley, afirmaram que a hora de agir contra a praga é agora.
Conflitos e clima
O leste da África afetado por inúmeros conflitos e choques climáticos é uma região de insegurança alimentar há várias décadas. Milhões de pessoas sofrem com o problema, que foi agravado com o aparecimento de nuvens de gafanhotos do deserto.
No mês passado, a FAO pediu US$ 76 milhões para combater a crise, mas a resposta internacional tem sido lenta.
Os três chefes humanitários disseram que o flagelo tem proporções bíblicas, mas que a escala atual não tem precedente em tempos modernos.
Desde o apelo, quando as nuvens haviam chegado a três países, a praga de gafanhotos se espalhou para Eritreia, Sudão do Sul, Uganda, Tanzânia e Djibuti.
Na semana passada, partes do Sudão do Sul foram infestadas pela praga, e nesta semana, nuvens de gafanhotos entraram na República Democrática do Congo pela fronteira leste. O país não registrava invasão desses insetos desde 1944.
Sarampo e ebola
A notícia preocupa as agências da ONU, uma vez que os congoleses ainda estão enfrentando as consequências de epidemias de sarampo e ebola.
A ONU informou que será necessário agora quase o dobro da quantia inicial. O apelo subiu para US$ 138 milhões para assistir os governos com a resposta de emergência para os próximos quatro meses.
Os gafanhotos têm um ciclo reprodutivo de três meses. As nuvens maduras estão colocando ovos em vastas áreas da Etiópia, do Quênia e da Somália.
Plantações
Numa questão de poucas semanas, a nova geração de insetos irá passar do estágio juvenil adquirindo capacidade para mais destruição em bando.
O momento é inoportuno, uma vez que as plantações dos agricultores começam a crescer e correm risco de serem devastadas pelas nuvens vindouras.
As agências da ONU acreditam que ainda dá tempo de salvar a situação com ação imediata em vez de ter que responder depois do desastre.
Na segunda-feira, a Fundação Bill e Melinda Gates informou que doará US$ 10 milhões para os governos da Etiópia, do Quênia e da Somália. A maior preocupação é com a produção de alimentos e a subsistência dos agricultores na região.
Nuvens
A invasão de gafanhotos na Etiópia e na Somália é a pior dos últimos 25 anos e a e mais séria enfrentada pelo Quênia há sete décadas.
Até o momento, o apelo da ONU já arrecadou US$ 33 milhões dos doadores. Mas o PMA estima que o custo de resposta deve ser 15 vezes maior que o custo da prevenção.
A praga do gafanhoto do deserto é a mais destrutiva do mundo, as nuvens de 1km² podem consumir a mesma quantidade de comida que 35 mil pessoas consumiriam em apenas um dia.
Segundo as três agências, a comunidade internacional precisa pagar agora para evitar uma conta mais cara depois.