ONU alerta para perigo de crise humanitária causada por gafanhotos na África BR

Diretor-geral da FAO pediu apoio urgente para combater agravamento da situação no Sudeste da África; agência precisa de US$ 76 milhões para resposta em cinco países; quase 12 milhões de pessoas já enfrentam situação de grave insegurança alimentar na região.
O diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO, afirmou que o surto de gafanhotos do deserto no Sudeste da África pode provocar uma crise humanitária.
Falando aos Estados-membros, em Roma, Qu Dongyu pediu financiamento urgente para combater o surto, proteger os meios de subsistência e a segurança alimentar.
The Desert Locust outbreak in the Horn of Africa could provoke a humanitarian crisis.The #locust invasion is the worst in decades to strike Kenya, Ethiopia and Somalia.🎙️@FAO Keith Cressman provides an update on the locust situation 👉https://t.co/OHY9qDcNAu #ZeroHunger pic.twitter.com/UogmQg1FIW
FAO
Segundo a FAO, o surto também tem “o potencial de se tornar uma praga regional que pode levar a mais sofrimento e deslocamento.”
O surto de gafanhotos é o pior a atingir a Etiópia e a Somália nos últimos 25 anos. No Quênia, é a pior infestação em 70 anos. Djibuti e Eritreia estão agora sendo afetados.
A FAO precisa de US$ 76 milhões para a resposta nestes cinco países. Até o momento, já conseguiu US$ 15,4 milhões. A agência prevê, no entanto, que as necessidades aumentem à medida que a praga se espalha para outras nações como Sudão do Sul e Uganda.
Na sexta-feira, especialistas da agência informaram aos Estados-membros sobre o trabalho que a FAO está fazendo em colaboração com governos e outros parceiros.
No encontro, o diretor-geral da FAO afirmou que está “trabalhando dia e noite para que as pessoas não percam suas colheitas."
Pastagens e áreas de cultivo já sofreram danos na Etiópia, no Quênia e na Somália. Os especialistas da FAO estão no terreno, apoiando operações de controle e esforços para proteger os meios de subsistência.
Na região, quase 12 milhões de pessoas já enfrentam uma situação grave de insegurança alimentar. Além disso, muitas dependem da agricultura para sobreviver.
O gafanhoto do deserto é considerado a praga migratória mais destrutiva do mundo. Uma nuvem de um km2 pode comer, em um dia, a mesma quantidade de comida que 35 mil pessoas.
Uma nova geração de gafanhotos deve eclodir em fevereiro e formar novas nuvens em abril, coincidindo com a próxima temporada de plantio.
A vice-diretora geral da FAO para o Clima e Recursos Naturais, Maria Helena Semedo, disse que é preciso “agir imediatamente, porque os gafanhotos virão e destruirão." Segundo ela, é necessário “combater a emergência, mas também pensar nos meios de subsistência e no longo prazo."
Além dos países já atingidos, a FAO acompanha a situação em Omã, Arábia Saudita, Sudão e Iêmen, que correm risco de receber o surto.