FAO: pandemia da Covid-19 leva à baixa no índice de preço dos alimentos BR

Queda é causada por niveis de oferta altos e demanda reduzida devido às contrações da economia afeta pela doença; novos recordes de produção, estoque e comércio global de cereais são esperados para este ano e o próximo.
Os preços mundiais de alimentos caíram pelo quarto mês consecutivo em maio, como informou a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO.
Segundo a agência, a queda deve-se a uma demanda enfraquecida devido às contrações econômicas causadas pela pandemia de Covid-19.
O Índice de Preços dos Alimentos da FAO, que analisa os preços internacionais dos bens alimentares mais comercializados, teve uma média de 162,5 pontos em maio, o valor mais baixo desde dezembro de 2018.
Os laticínios, por exemplo, caíram 7,3% em relação a abril, puxados pelas baixas acentuadas da manteiga e do queijo, ficando quase 20% abaixo do nível de um ano atrás.
O valor do cerais desceu 1% em relação a abril. Os preços internacionais do arroz subiram um pouco, enquanto os preços de exportação do trigo caíram devido às previsões de ampla oferta global. O valor do milho desceu ainda mais. Nos Estados Unidos, o preço é agora 6% abaixo do nível de maio de 2019.
O óleo vegetal encontra-se no menor nível em 10 meses refletindo a demanda global reduzida e níveis de produção acima do esperado nos principais países exportadores.
O preço da carne continuou está agora 3,6% abaixo do valor de 2019. Existem diferenças entre produtos, no entanto, com as cotações de carne bovina aumentando e aves e suínos caindo.
Losing one’s cattle is like losing one’s life savings. So pastoralists & their families have to move in search of pasture & water.@FAO & @UNESCO are ensuring that pastoralists' children in #SouthSudan do not miss out on an education. https://t.co/qOnLxq6DEU
FAO
Já o açúcar contrariou a tendência com um aumento de 7,4% em relação a maio, devido a colheitas abaixo do esperado na Índia e na Tailândia.
Para a safra de cereais em 2020/21, a FAO prevê um novo recorde de 2,78 bilhões de toneladas, 2,6% a mais do que em 2019/2020. Segundo a agência, isso é “uma situação confortável” para a procura e demanda.
O milho será responsável por 90% do aumento previsto, impulsionado por colheitas na América do Norte, na Ucrânia e na América do Sul. A produção de arroz deve aumentar 1,6%, devido a recuperações na China, no Sudeste Asiático, no Sul da Ásia e nos Estados Unidos. A produção de trigo deve cair, uma vez que as quedas esperadas na União Europeia, na Ucrânia e nos Estados Unidos ultrapassem os aumentos esperados na Austrália e na Rússia.
A utilização mundial de cereais também deve atingir um máximo histórico, subindo 1,6%, com um aumento do uso para animais e indústrias. O milho será o principal fator, porque está sendo cada vez mais usado para alimentar animais na China e produzir etanol nos Estados Unidos.
Os estoques mundiais de cereais também devem atingir um novo recorde em 2021, aumentando 4,5%. A China deve deter 47% dos estoques globais.
O comércio mundial destes produtos também pode subir cerca de 2,2%, estabelecendo um novo recorde, com aumentos esperados para todos os principais cereais, lideradas por um aumento de 6,2% no comércio global de arroz.