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Promessas de doadores para reconstruir Moçambique serão conhecidas este sábado

Diretora assistenta da OIT e diretora regional para África, Cynthia Samuel-Olonjuwon, discursa na Conferência Internacional de Doadores na Beira, Moçambique
ONU Moçambique
Diretora assistenta da OIT e diretora regional para África, Cynthia Samuel-Olonjuwon, discursa na Conferência Internacional de Doadores na Beira, Moçambique

Promessas de doadores para reconstruir Moçambique serão conhecidas este sábado

Ajuda humanitária

Presidente da Assembleia Geral pede “ação concreta de apoio”; representante do Unicef diz que reposta de financiamento tem sido muito baixa; especialista da OMM afirma que ciclones serão mais frequentes; Programa Mundial de Alimentos prevê que necessidades humanitárias continuem muito altas. 

A cidade da Beira, em Moçambique, acolhe até sábado a Conferência Internacional de Doadores para conseguir financiamento para a reconstrução após os ciclones que atingiram o país.  

Em mensagem enviada ao encontro, a presidente da Assembleia Geral disse que a comunidade internacional precisa “fazer mais” para expressar a sua solidariedade.

Mensagem

Participantes do primeiro dia da Conferência Internacional de Doadores em Beira, Moçambique
Participantes do primeiro dia da Conferência Internacional de Doadores em Beira, Moçambique, by ONU Moçambique

Maria Fernanda Espinosa disse que a conferência “tem de enviar um forte sinal e uma mensagem clara de que a comunidade internacional está ao lado do povo de Moçambique em palavras e gestos.”

A representante declarou que “o caminho da reconstrução não é fácil”, mas que com cooperação multilateral é possível “criar as condições para o sucesso de Moçambique.”

Para Espinosa, isto “significa ajustar as condições da dívida e das linhas de crédito para aumentar a resiliência” e “também significa recursos, materiais e voluntários.”

A presidente da Assembleia Geral termina a mensagem pedindo que “esta conferência seja uma nova prova do espírito de generosidade da comunidade internacional.”

Necessidades

Moçambique precisa de US$ 3,2 mil milhões para a reconstrução pós-ciclone nas províncias de Sofala, Manica, Tete, Zambézia, Inhambane Nampula e Cabo Delgado.

A base deste apelo é a Avaliação das Necessidades Pós-Desastres, Pdna na sigla em inglês, que foi realizada pelo governo com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pnud, União Europeia, Banco Mundial e Banco Africano de Desenvolvimento.

Discussões técnicas marcaram o primeiro dia da conferência. O segundo dia será dedicado às promessas dos diferentes doadores em sessões presididas pelo presidente do país, Filipe Jacinto Nyusi.

Relatório

O primeiro dia da Conferência Internacional de Doadores reuniu centenas de participantes
O primeiro dia da Conferência Internacional de Doadores reuniu centenas de participantes, ONU Moçambique

Na ocasião, a Organização Meteorológica Mundial, OMM, também apresenta um relatório com recomendações para lidar com eventos climáticos extremos. Nove peritos da agência visitaram as áreas afetadas para preparar a pesquisa.

O chefe da missão, Filipe Lucio, disse à ONU News que os ciclones Idai e Kenneth  “puseram a descoberto uma série de limitações que tem de ser tratadas para aumentar a resiliência do país face a ciclones e cheias.”

O especialista também alertou que estes eventos deverão ser mais frequentes.

“Há a indicação de que a ocorrência de ciclones de categoria 4 e 5 nos próximos anos tenderá a aumentar. Por outro lado, províncias como Gaza e Maputo, que nunca tinham sofrido um ciclone tropical, agora sofrem o risco de ocorrência. Porque a probabilidade de um ciclone afetar Gaza e Maputo é significativa.”

O especialista, que é diretor do Escritório sobre o Quadro Global para os Serviços Climáticos da OMM, disse que isso deve mudar a forma como o país se prepara para estes eventos.

“A preparação para fazer face a um ciclone tropical tem de ser um problema nacional. Ao longo de toda a costa de Moçambique, é importantíssimo que as pessoas estejam educadas, informadas, sensibilizadas sobre o perigo que os ciclones tropicais representam e as medidas que devem tomar.”

Crianças

Acampamento na Beira, em Moçambique, que abriga famílias afetadas pelo ciclone
Acampamento na Beira, em Moçambique, que abriga famílias afetadas pelo ciclone, Pnud Mozambique

Na Beira, a especialista do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, disse à ONU News que a resposta de financiamento para esta emergência “tem sido muito baixa.”

No âmbito deste evento, Cecilia Sánchez afirmou que isso surpreendeu “toda a gente, porque um desastre natural em uma zona que não é de conflito deve receber uma resposta dos doadores bastante forte.” Segundo ela, o Unicef “está usando os seus recursos próprios, que têm de ser devolvidos logo, para que existam sempre fundos disponíveis para a próxima emergência.”

Segundo a agência, Unicef, pelo menos 1 milhão de crianças foram afetadas pelo ciclone Idai.

Ajuda

Até ao momento, o Programa Mundial de Alimentos, PMA, já prestou ajuda a 1,7 milhão de pessoas atingidas pelos dois ciclones. No total, cerca de 2,1 milhões de pessoas precisam de assistência alimentar.

Para os próximos meses, a agência diz estar “preocupada que as necessidades humanitárias continuarão altas, e vão se agravar nas próximas semanas e meses antes da próxima grande colheita.”

Além da ajuda humanitária, o PMA orienta a resposta aos esforços de reconstrução. A agência trabalha com as autoridades nacionais para adaptar o sistema de proteção social, aumentar as atividades de gestão de risco climático, e aumentar a resiliência dos agricultores.

O PMA precisa de US$ 140 milhões para a sua resposta no país nos próximos três meses. A diretora executiva assistente do PMA, Ute Klamert, representa a agência na Conferência Internacional de Doadores.  

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