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Pós-ciclone em Moçambique: chefe do PMA pede maior apoio para salvar vidas em risco

Mãe dá de beber ao filho na Escola Samora Machel, em Búzi, que acolhe deslocados do ciclone Idai
Unicef/Prinsloo
Mãe dá de beber ao filho na Escola Samora Machel, em Búzi, que acolhe deslocados do ciclone Idai

Pós-ciclone em Moçambique: chefe do PMA pede maior apoio para salvar vidas em risco

Ajuda humanitária

David Beasley terminou esta quarta-feira uma visita de dois dias ao país; representante encontrou sobreviventes do desastre, presidente e ministros; governo confirmou 468 mortes; acompanhe aqui a cobertura especial da ONU News.

O diretor executivo do Programa Mundial de Alimentação, PMA, afirmou que a comunidade internacional deve reforçar o apoio às vítimas do recente ciclone e inundações que arrasam vastas áreas de Moçambique.

David Beasley terminou esta quarta-feira uma visita de dois dias ao país. Segundo os últimos dados do governo, existem 468 mortes confirmadas.

Visita

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Beasley visitou a cidade da Beira na terça-feira e sobrevoou depois a cidade vizinha de Búzi. Na aldeia de Guara Guara, o representante encontrou-se com sobreviventes que recebem ajuda do PMA.

Em nota, o diretor executivo disse que a “vida destas pessoas foi arrasada.” Segundo ele, os sobreviventes perderam meios de subsistência, casas, plantações e entes queridos. O representante disse que estas pessoas vão precisar de ajuda pelo menos nos próximos seis a 12 meses.

Reconstrução

Na quarta-feira, na capital do país, Maputo, Beasley encontrou o presidente Filipe Nyusi, ministros do governo e representantes de doadores.

Beasley disse que é preciso trabalhar em conjunto com o governo e as comunidades afetadas para “garantir que a reabilitação é feita de forma a evitar que esta devastação se repita.” Para ele, “é preciso construir melhor tudo, casas, escolas e centros de saúde, para que possam resistir a estes choques.”

Ajuda

No final da visita, o representante disse que ficou "arrasado com a devastação”, mas que também viu “coragem e determinação nos rostos do povo moçambicano."

Sobre os moçambicanos, Beasley disse que "a terrível destruição não consegue amortecer os seus espíritos” e prometeu a presença prolongada da agência no terreno, para “ajudar o maior número de pessoas possível.”

Moçambicanas e seus filhos deslocados pelo ciclone e cheias na cidade da Beira, em Moçambique
Moçambicanas e seus filhos deslocados pelo ciclone e cheias na cidade da Beira, em Moçambique, by Ocha/Rita Maingi

O chefe do PMA terminou pedindo que a comunidade internacional “responda de forma rápida e generosa”, porque “vidas estão verdadeiramente em causa."

Destruição

A agência estima que mais de 400 mil hectares de plantações, sobretudo milho, tenham sido destruídos semanas antes da principal colheita, que começa em abril. Outras fontes importantes de rendimento, como pecuária e pesca, também foram afetadas.

Desde a chegada do ciclone, o PMA já forneceu assistência alimentar a mais de 150 mil pessoas e pretende chegar a 500 mil nas próximas semanas.  Cerca de 60 toneladas métricas de biscoitos de alta energia transportados foram distribuídos por helicóptero para pessoas presas pelas enchentes.

Cerca de 1,7 milhão de pessoas precisam urgentemente de ajuda alimentar.

Planeamento

Nos próximos três meses, devem ser necessários 86 mil toneladas de alimentos. A agência está comprando grandes quantidades de cereais, óleo vegetal e alimentos em outros lugares na África Austral. Assim que as condições permitirem, o PMA deve começar a comprar estes mantimentos no país.

Quase 60 funcionários internacionais do PMA foram destacados para Moçambique e mais 45 estão a caminho, incluindo coordenadores de emergência, gestores de operações aéreas e especialistas em programação, logística e telecomunicações.

Para realizar este trabalho, o PMA lançou um apelo de US$ 140 milhões para os próximos três meses.

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