Unicef enfatiza "década mortal” para crianças em zonas de conflito
Total de violações graves nesse período chega a 170 mil; quantidade corresponde a 45 violações diárias desde 2010; mundo registra maior número de países em conflitos em três décadas.
As Nações Unidas documentaram 170 mil violações graves ocorridas contra crianças na última década.
A informação é do Fundo da ONU para a Infância, Unicef, em nota destacando que a maioria delas foi vítima de assassinatos, mutilações, sequestros, violência sexual e recrutamento de grupos armados.
Infância
Em nota publicada esta segunda-feira, a agência revela que esse total corresponde a 45 violações diárias cometidas desde 2010.
De acordo com o Unicef, vários milhões de menores perderam a infância e o futuro por causa de conflitos.
No primeiro semestre do ano ocorreram mais de 10 mil violações contra crianças. Os números reais podem ser muito maiores.
O Unicef menciona que essas situações aconteceram em países como Afeganistão, Mali, Síria e Iêmen onde “os conflitos custam a milhões de crianças sua saúde, educação, futuro e vidas”.
Indignação
A agência observa ainda que em todo o mundo os conflitos “duram mais tempo” causando mais derramamento de sangue e tirando a vida de um maior número de jovens.
A diretora executiva do Unicef, Henrietta Fore, destaca que “os ataques às crianças continuam sem abrandar, enquanto as partes em conflito desrespeitam uma das regras mais básicas da guerra: a proteção das crianças”. A representante afirma que “por cada ato de violência contra crianças que chega aos jornais e gera ondas de indignação, há muitos mais que não são reportados”.
De acordo com a agência, o número de países em conflito é o mais alto em três décadas.
Somente em 2018, a ONU documentou mais de 24 mil violações graves contra crianças, incluindo assassinatos, mutilações, violência sexual, sequestros, negação de acesso humanitário, recrutamento infantil e ataques a escolas e hospitais.
Mutilações
Para o Unicef, esse número “é duas vezes e meio mais alto que o registrado em 2010, sendo que ao longo deste período o acompanhamento dessas situações foi reforçada. Calcula-se que mais de 12 mil crianças foram mortas ou mutiladas em 2018.
A principal causa de morte em conflitos é o “o uso contínuo e generalizado de ataques aéreos e de armas explosivas. O armamento usado envolve minas terrestres, morteiros, dispositivos explosivos improvisados, mísseis, armas de fragmentação e artilharia.
O apelo a todas as partes envolvidas em conflitos é que cumpram as suas obrigações sob o direito internacional. A agência quer ainda o fim imediato de violações contra crianças e ataques contra infraestruturas civis como escolas, hospitais ou sistemas de água.
O Unicef destaca que os conflitos armados “são arrasadores para todos, mas são particularmente brutais para as crianças”.