Morte de mulheres e de crianças atinge nível recorde no Afeganistão
Foram mais de 1,6 mil civis mortos e 3,5 mil feridos apenas no primeiro semestre do ano; Missão da ONU no país afirma que aumento da violência está ligado à saída das forças militares internacionais.
Os incidentes no Afeganistão envolvendo civis atingiram níveis recordes no primeiro semestre do ano, segundo a Missão das Nações Unidas no país, Unama.
A Missão afirma que a violência começou a aumentar a partir de maio, quando as forças militares internacionais começaram a se retirar do país.

Crianças
Houve também aumento dos confrontos depois de uma ofensiva do Talebã. No balanço apresentado na segunda-feira, a Unama destaca que entre janeiro e junho, mais de 1,6 mil pessoas foram mortas pela violência no Afeganistão, que também deixou mais de 3,5 mil civis feridos.
Os números mostram um aumento de 47% dos incidentes envolvendo civis, na comparação com o mesmo período de 2020. Mulheres e crianças representam metade das vítimas, sendo que 468 meninos e meninas morreram e mais de 1,2 mil menores de idade ficaram feridos.

Explosivos
A Unama explica ainda que o total de mortes e de feridos entre maio e junho foi o maior desde que a Missão da ONU começou a fazer o levantamento, em 2009. O fogo cruzado causou 11% dos incidente e houve também baixas causadas por explosivos de guerra.
A representante especial do secretário-geral para o Afeganistão, está “implorando ao Talebã e aos líderes do país para “prestarem atenção à trajetória sombria e assustadora do conflito e o impacto arrasador sobre os civis”.

Alerta
Segundo Deborah Lyons, o relatório da Unama faz um “alerta claro de que um número sem precedentes de civis afegãos poderão morrer” este ano se a onda de violência não acabar.
Lyons, que também é chefe da Unama, pede aos líderes do Afeganistão e ao Talebã para “ampliarem os esforços na mesa de negociações, para protegerem o povo afegão e lhes dar esperança de um futuro melhor”.

Compromisso em Proteger
De acordo com a Unama, muitos confrontos ocorridos em maio e junho aconteceram em áreas com baixa densidade populacional. A ONU está muito preocupada com a possibilidade de ações militares em áreas muito povoadas, o que poderá criar “consequências catastróficas para os civis afegãos”.
As Nações Unidas lembram aos lados em conflito da obrigação que têm, perante a lei internacional, de proteger os civis, principalmente após as partes terem divulgado um comunicado conjunto no dia 18 de julho onde concordavam com a prevenção dos danos aos civis. O documento foi assinado pelo governo afegão e pelo Talebã.