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Grupo armado liberta cerca de 900 crianças na Nigéria BR

Entre 2013 e 2017, mais de 3,5 mil crianças foram recrutadas e usadas por grupos armados não-estatais no atual conflito armado no nordeste da Nigéria.
UNICEF
Entre 2013 e 2017, mais de 3,5 mil crianças foram recrutadas e usadas por grupos armados não-estatais no atual conflito armado no nordeste da Nigéria.

Grupo armado liberta cerca de 900 crianças na Nigéria

Paz e segurança

Crianças e jovens serão beneficiados por programas de reintegração; Unicef estima que mais de 3,5 mil menores foram recrutados e usados no conflito no nordeste do país em 2017; milícia Cjtf apoia forças de segurança no combate à insurgência. 

A milícia nigeriana Civilian Joint Task Force, Cjtf, libertou esta sexta-feira um total de 894 crianças, incluindo 106 meninas. O objetivo do grupo armado pró-governo, criado há seis anos,  é “proteger as comunidades contra ataques”. 

A cerimônia ocorreu na cidade de Maiduguri, no nordeste, como parte do compromisso de acabar e prevenir o recrutamento e uso de crianças assumido pelo grupo que apoia as forças de segurança nigerianas na luta contra a insurgência.  

Um menor desacompanhado de oito anos em acampamento para os deslocados internos no estado de Adamawa, nordeste da Nigéria.
Menor desacompanhado de oito anos em acampamento para os deslocados internos no estado de Adamawa, nordeste da Nigéria. Foto: © Acnur/George Osodi

Crianças Raptadas  

Entre 2013 e 2017, mais de 3,5 mil crianças foram recrutadas e usadas por grupos armados não-estatais no atual conflito armado no nordeste da Nigéria. O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, destaca que outras foram raptadas, mutiladas, violadas e mortas. 

Como parte do plano de ação apoiado pela agência, o Cjtf se comprometeu a adotar medidas para acabar e evitar o recrutamento e o uso de crianças. Pelo menos 1.727 crianças e jovens foram libertados desde setembro de 2017. 

Para o representante do Unicef na Nigéria, Mohamed Fall, “qualquer compromisso para a libertação das crianças é um passo na direção certa para a proteção dos direitos das crianças e deve ser reconhecido e encorajado”. 

Fall destacaou que as crianças do nordeste da Nigéria suportaram o peso deste conflito.  

Implicações  

O chefe do Unicef destaca que estas têm sido usadas por grupos armados como combatentes e não-combatentes e testemunharam a morte, o assassinato e a violência numa participação no conflito com sérias implicações no seu bem-estar físico e emocional. 

Após o evento que formaliza a libertação, as crianças e jovens serão beneficiadas por programas de reintegração recebendo apoio no retorno à vida civil. 

Este tipo de ajuda pretende estimular a busca de novas oportunidades para o seu próprio desenvolvimento e a contribuição para a paz duradoura na Nigéria, como cidadãos produtivos do seu país.  

Mohamed Fall destacou ainda que “não se pode desistir de lutar pelas crianças, quando estas ainda são afetadas pelos combates” e que vai continuar a atuar “até que não haja mais crianças nas fileiras de todos os grupos armados na Nigéria”. 

Ataques de grupos armados a civis provocaram centenas de mortes e deslocaram centenas de milhares
Unicef/Bullen Chol
Ataques de grupos armados a civis provocaram centenas de mortes e deslocaram centenas de milhares

Iniciativas  

Os programas de integração também envolvem autoridades estatais e parceiros que implementam iniciativas para todas as crianças libertadas de grupos armados, bem como para outros afetados pelo conflito. 

Cerca de 9,8 mil pessoas que já fizeram parte de grupos armados, incluindo crianças vulneráveis, que se beneficiaram destes serviços nos anos de 2017 e 2018.  

Tendo em conta o gênero e a idade dos beneficiários, essas ações incluem uma avaliação do seu bem-estar, apoio psicossocial, educação, formação vocacional, estágios informais e oportunidades para melhorar os meios de subsistência.