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ONU deplora violência que matou pelo menos 37 na República Centro-Africana

Missão da ONU em Bangui, República Centro-Africana. Foto: ONU/Minusca/Nektarios Markogiannis

ONU deplora violência que matou pelo menos 37 na República Centro-Africana

Secretário-geral quer fim dos atos e prisão de 500 presos que fugiram de uma cadeia de Bangui; Acnur fala de milhares de deslocados; agência descreve vítimas em estado de choque e com  medo.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

O secretário-geral revelou que a Missão da ONU na República Centro-Africana, Minusca, vai tomar todas as medidas permitidas pelo seu mandato para proteger os civis na sequência da onda de violência que provocou pelo menos 37 mortos.

Mais de 100 pessoas ficaram feridas na capital Bangui, após o agravamento de ataques  depois do assassinato  de um jovem muçulmano ocorrido no sábado.

Ataques de Retaliação

Em nota, Ban Ki-moon realça que a operação de paz vai executar o seu mandato e promover a estabilidade. O secretário-geral condenou com veemência todos os atos de violência, ao apelar ao fim imediato dos ataques de retaliação.

Falando à Rádio ONU, da capital centro-africana, o comissário da Polícia da Minusca, Luís Carrilho, disse que as ruas foram bloqueadas e ocorrem atos de criminalidade.

"No terreno reforçamos substancialmente a nossa presença em Bangui. Que a situação de segurança melhore e a ordem pública seja cada vez mais restabelecida, e que os criminosos responsáveis por estes atos e as pessoas que manipulam para que se cometam, que todos venham a ser responsabilizados."

À Autoridade de Transição centro-africana, Ban pediu que faça tudo o que estiver ao seu alcance para evitar mais violência e para prender imediatamente 500 presos que fugiram da prisão de Ngaragba na segunda-feira. A evasão em massa é considerada uma "grande ameaça aos civis e à situação de segurança".

Ao reagir à fuga, o Escritório dos Direitos Humanos da ONU disse que é um grande retrocesso para a manutenção da lei e da ordem. A entidade declarou que a ação afeta o combate à impunidade que "continua um problema crónico" no país.

A entidade da ONU menciona o saque de propriedades privadas, locais religiosos e escritórios de organizações humanitárias internacionais.

Refugiados

Como prioridade, o escritório pede a proteção de civis, a prevenção de assassinatos, que incluem os motivados pela religião ou etnia. A entidade quer mais atenção para outras violações graves dos direitos humanos bem como para  o desarmamento dos grupos armados.

O Alto Comissariado da ONU para Refugiados, Acnur, disse que milhares de pessoas fugiram das suas casas devido à violência que considera "um passo atrás no processo de reconciliação". Vários deslocados estariam em estado de choque e com muito medo.

A agência aponta ainda necessidades imediatas de abrigo de emergência, de cuidados de saúde e de auxílio básico para o grupo que inclui pessoas que fugiram das suas casas por várias vezes.

Para o Acnur, se a situação continuar volátil haverá necessidade de garantir abastecimentos alimentares e instalações de higiene e saneamento.

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