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Escritório de Direitos Humanos da ONU horrorizado com violência em Mianmar BR

Mais de 10 meses após a Junta Militar do país derrubar o governo eleito, a situação está piorando
Unsplash/Alexander Schimmeck
Mais de 10 meses após a Junta Militar do país derrubar o governo eleito, a situação está piorando

Escritório de Direitos Humanos da ONU horrorizado com violência em Mianmar

Direitos humanos

Porta-voz Rupert Colville pediu resposta internacional firme para restauração da democracia no país asiático; 11 corpos carbonizados, incluindo de menores, foram encontrados por moradores de uma localidade rural após serem levados por forças militares.

As Nações Unidas expressaram alarme após a escalada de abusos graves de direitos humanos em Mianmar, a antiga Birmânia.

Mais de 10 meses após a Junta Militar do país derrubar o governo eleito, a situação está piorando. A informação é do porta-voz do Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU, Rupert Colville.

Ele disse que a entidade está horrorizada com os relatos de violência. Na semana, passada, forças de segurança mataram e queimaram 11 homens, incluindo cinco menores, e jogaram veículos sobre manifestantes que participavam de um protesto pacífico no país.

Rupert Colville, porta-voz do Escritório de Direitos Humanos  da ONU.
Foto: ONU
Rupert Colville, porta-voz do Escritório de Direitos Humanos da ONU.

Golpe Militar

Neste 10 de dezembro, Dia dos Direitos Humanos, os birmaneses realizam uma marcha silenciosa universal contra o golpe militar.

Nas últimas três décadas, Mianmar sofreu uma série de golpes prendendo membros do governo, democraticamente eleito, entre eles a ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi.

A ONU está recebendo relatos de prisões arbitrárias, casos de tortura, perseguição e homicídios.

O campo de refugiados de Kutupalong em Cox's Bazar, Bangladesh, é um dos maiores do mundo e hospeda centenas de milhares de rohingyas que fugiram da violência em Mianmar
Ocha/Vincent Tremeau
O campo de refugiados de Kutupalong em Cox's Bazar, Bangladesh, é um dos maiores do mundo e hospeda centenas de milhares de rohingyas que fugiram da violência em Mianmar

Corpos

O assassinato dos 11 homens ocorreu no último dia 7, quando um pelotão do Exército teria armado uma emboscada com um explosivo, acionado por controle remoto, na localidade de Salingyi, na região de Sagaing. O mais novo tinha 14 anos.

Os corpos foram encontrados carbonizados por moradores de uma localidade rural que viram uma coluna de fogo. Testemunhas disseram que pela posição dos cadáveres, as vítimas tentaram fugir dos galhos incendiados.

Manifestação contra o golpe militar de Mianmar em frente à Casa Branca em Washington, DC, Estados Unidos
Unsplash/Gayatri Malhotra
Manifestação contra o golpe militar de Mianmar em frente à Casa Branca em Washington, DC, Estados Unidos

Atropelamento

Dois dias antes, um grupo de manifestantes desarmados foi atacado a tiros após uma tentativa de atropelamento. 

Para a ONU, os ataques são hediondos, totalmente inaceitáveis e desrespeitam valores comuns da humanidade. Locais de culto estão sendo incendiados assim como residências.

No estado de Chin, há relatos confiáveis de que 19 locais civis e religiosos e 450 residências foram queimadas em incidentes separados.

Soldados no estado de Kachin, em Mianmar
IRIN/Steve Sandford
Soldados no estado de Kachin, em Mianmar

Resposta firme

Colville afirmou que desde fevereiro, o general Min Aung Hlaing tem falhados em suas obrigações internacionais de proteger os civis em Mianmar. Com isso, mais de 1,3 mil pessoas foram mortas e pelo menos 10,6 mil foram presas.

A ONU acredita que para acabar com as violações, a comunidade internacional precisa dar uma resposta firme e unificada.

Rupert Colville disse que é necessário redobrar esforços para pedir que a junta militar preste contas desses abusos de direitos humanos e restaure a democracia no país.