
Cabo Delgado: Acnur relata drama de famílias separadas e fugas para a Tanzânia
Agência da ONU para Refugiados apura relatos de regressos forçados de moçambicanos que tentam salvar suas vidas ao escapar para o país vizinho; conflito, no norte de Moçambique, entre tropas do governo e extremistas começou em 2017.
A Agência da ONU para Refugiados, Acnur, informou que está acompanhando novos relatos sobre o regresso forçado de famílias moçambicanas por autoridades da Tanzânia, na fronteira com o norte.
Os moçambicanos estão fugindo da violência do conflito na província de Cabo Delgado, entre tropas do governo e extremistas islâmicos.
Grupos armados
Pelo menos 62 mil moçambicanos foram forçados a abandonar a cidade costeira de Palma após os ataques de grupos armados, em 24 de março.

O Acnur pediu aos países vizinhos que respeitem o acesso ao asilo das pessoas que tentam salvar suas vidas.
Segundo a agência da ONU, várias famílias estão escapando da insegurança somente com a roupa do corpo. Muitas pessoas estão se perdendo das próprias famílias. Os maiores movimentos ocorrem nos distritos de Mueda, Nangade, Montepuez e Pemba por vias terrestre, aérea e marítima.
Antes do ataque dos terroristas a Palma, já havia cerca de 700 mil deslocados incluindo nas áreas de Nampula, Niassa, Sofala e Zambézia. A situação humanitária foi agravada.
Somente em maio, quase 3,8 mil moçambicanos que seguiam para a Tanzânia tiveram que retornar na fronteira em Negomano.
Assistência
A agência da ONU ouviu 68 pessoas em Negomano entre elas sobreviventes de violência de género, idosos e grávidas. Uma mulher deu à luz durante a devolução forçada para Moçambique, sem qualquer apoio médico.
Na sede de Mueda, dezenas de moçambicanos confirmaram a expulsão sistemática e recorrente.
Eles mencionaram ter preocupações com a proteção, a separação de famílias e a falta de assistência humanitária já antes observadas.
A maioria fugiu para a Tanzânia temendo a violência nos distritos do norte de Cabo Delgado, particularmente Palma e Muidumbe.
O grupo confirmou que é comum ocorrer sequestros de membros da comunidade nas suas áreas de origem.
