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OMS: Brasil não pode ser considerado epicentro da Covid-19, mas situação preocupa BR

Máscaras feitas por refugiados foram distribuídas em abrigos no Brasil para ajudar a combater a pandemia
Acnur/Miguel Pachioni
Máscaras feitas por refugiados foram distribuídas em abrigos no Brasil para ajudar a combater a pandemia

OMS: Brasil não pode ser considerado epicentro da Covid-19, mas situação preocupa

Saúde

Diretor-executivo da Organização Mundial da Saúde, Michael Ryan, afirma que outros países das Américas também registram altos índices de contaminação como México e Chile; em entrevista a jornalistas, especialistas da OMS falaram sobre ressurgimento da Covid-19 em Pequim, na China, com 100 novos casos, na semana passada, e disse que origem do ressurgimento está sendo investigada.
 

O Brasil não pode ser considerado pela Organização Mundial da Saúde como o novo epicentro da pandemia de Covid-19. Mas a situação da rápida propagação da doença no país preocupa. 

A declaração foi feita pelo diretor-executivo da OMS, Michael Ryan, durante a entrevista coletiva a jornalistas, nesta segunda-feira, em Genebra.

Américas

Ao responder a primeira pergunta da coletiva, Ryan disse que não é correto singularizar o Brasil como único epicentro da doença, no mundo ou nas Américas, porque outras nações como México e Chile também estão atravessando uma onda alta de contaminação. 

Para ele, a situação nas Américas, especialmente na América do Sul e na América Central, continua sendo “preocupante”.

Em todo o mundo, mais de 7,8 milhões de casos foram notificados até esta segunda-feira, com mais de 430 mil mortes. O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, contou que mais de 100 mil novos casos ocorrem por dia, a maioria nas Américas e no Sul da Ásia.

China

Ele lembrou que o Hemisfério Sul está entrando na estação da gripe ou influenza, e que os sistemas de saúde estão sobrecarregados.  Tedros pediu que os países continuem priorizando a prevenção da doença. Mais de 500 milhões de pessoas são imunizadas contra a influenza todos os anos.

Para uma melhor prevenção e controle da Covid-19 nas escolas, as agências recomendam passos e conselhos práticos para autoridades nacionais e locais sobre como se preparar para reabrir.
Voluntários desinfetam escola em Pequim, na China, antes do recomeço das aulas, Unicef/Yuyuan Ma

Ao ser perguntado sobre uma nova onda de contaminação em Pequim, na China, o médico Michael Ryan informou que a OMS tem uma equipe na capital do país asiático, e que está atuando com autoridades chinesas, e oferecendo assistência para entender a origem e a propagação da doença. Desde a semana passada, foram notificados 100 novos casos do coronavírus.

Já a especialista Maria Van Kherkove, da equipe de apoio técnico à Covid-19, afirmou que é importante manter a vigilância e estar em alerta não só na China, mas em outros países, para evitar um ressurgimento detectando, rapidamente, as contaminações, realizando o rastreamento e contatos de pessoas, que podem ter sido infectadas.

A OMS afirmou que o ressurgimento e a origem das contaminações com a Covid-19 em Pequim estão sendo investigados.

Segurança em voos

Ao ser perguntado sobre o retorno de voos e os riscos de contaminação dos passageiros, a OMS informou que está cooperando com a Organização Internacional de Aviação Civil, Icao, sobre novas diretrizes que devem ser adicionadas e atualizadas nos próximos dias. 

Memorial em honra de George Floyd, no Harlem, Nova Iorque. A morte do americano deu início à onda de protestos nos EUA.
Memorial em honra de George Floyd, no Harlem, Nova Iorque. A morte do americano deu início à onda de protestos, Hazel Plunkett

O diretor-executivo da OMS, Michael Ryan afirmou que, como em qualquer outra situação de transporte, o mais importante é o que os passageiros fazem para se proteger, individualmente, assim como as medidas das autoridades para reduzir os riscos de propagação da doença nas aeronaves. 

Mas segundo Ryan, não existe nenhuma situação de risco zero.

Artigo de opinião

Durante a entrevista a jornalistas, o diretor-geral Tedros Ghebreyesus foi perguntado sobre um artigo de opinião pessoal que ele firmou, ao lado de outros altos funcionários da ONU, a respeito da morte do americano George Floyd, em Minneapolis, há três semanas, condenando racismo e discriminação, e como a OMS combatia o racismo na própria agência. 

Tedros confirmou que se juntou a outros colegas africanos e de origem africana para assinar o artigo e frisou que todos os seres humanos devem ser tratados da mesma forma e que ela combatia qualquer caso de discriminação dentro e fora da própria OMS.