Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe em lista de nações sem acesso à Semana de Vacinação
Países de língua portuguesa são prejudicados por medidas de combate à pandemia como fechamento de fronteiras e isolamento social; suspensão de voos no mundo levou à redução de até 80% na entrega de lotes de vacinas.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, informou que a pandemia de covid-19 está afetando gravemente a Semana de Imunização, que ocorre todos os anos contra sarampo e poliomielite.
A agência listou 26 países que podem ser prejudicados com as medidas contra a pandemia durante esta Semana de Vacinação. Na relação estão Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe.
Aeroportos
Em comunicado a jornalistas, em Genebra, o Unicef pediu apoio para acabar com um atraso no envio de lotes de vacina por causa do fechamento de aeroportos e portos.
No ano passado, a agência licitou 2,4 bilhões de doses de vacina para 100 nações.
A meta era alcançar 45% de todas as crianças menores de 5 anos de idade. Mas com a pandemia, está ocorrendo uma redução de até 80% na entrega dos lotes desde o início da Semana de Vacinação em 22 de março.
Transporte
No total, 26 países correm risco de ficarem sem a imunização por causa do atraso no transporte dos lotes de vacinas. Nessa relação existem cinco nações que têm surtos de sarampo.
Lista completa:
Benin, Chade, Cote d’Ivoire ou Costa do Marfim, Guiné-Equatorial, Guiné-Bissau, Níger, São Tomé e Príncipe, Gana, Gâmbia, Burundi, Comoros, Eritreia,
Eswatini, Ruanda, Zimbábue, Tadjiquistão, Turcomenistão, Butão, Nepal, Sri Lanka, Camboja, Coreia do Norte, Mongólia, Mianmar, Papua Nova-Guiné e Ilhas Salomão.
O Unicef alertou que o preço dos voos fretados por causa da pandemia é exorbitante e chegam a 200% do valor normal. Para a agência, muitos países não têm como arcar com esses custos e as crianças que precisam da vacina contra sarampo e poliomielite ficarão descobertas.
20 milhões
O Fundo ressalta que antes mesmo da pandemia de covid-19, cerca de 20 milhões de crianças abaixo de um ano de idade não eram imunizadas.
O Unicef alerta que a interrupção na entrega das doses poderá levar a surtos desastrosos este ano especialmente em países com frágeis sistemas de saúde.
O atraso no transporte das vacinas também gera um risco para os fabricantes das doses que terão que armazenar os lotes.
O Unicef está atuando com parceiros e fabricantes de vacinas para estudar soluções para o transporte. Entre eles estão Aliança Gavi, Fundação Bill and Melinda Gates e a Organização Pan-Americana da Saúde.
A agência da ONU pediu a governos, às empresas aéreas e ao setor privado que liberem as aeronaves e os voos a um preço acessível para a entrega das vacinas, uma vez que a vida das crianças está sob risco.