OMS alerta para possíveis impactos de combate à pandemia sobre malária e imunização BR

Número de crianças que não são vacinadas deve aumentar esse ano e mortes por malária podem duplicar na África Subsaariana; até segunda-feira, tinham sido confirmados mais de 2,8 milhões de casos e mais de 196 mil mortes por covid-19; pela primeira vez, briefing da agência teve tradução simultânea para português.
A Organização Mundial da Saúde, OMS, está profundamente preocupada com o impacto que a pandemia de covid-19 terá em serviços de saúde para crianças.
Falando a jornalistas em Genebra, o diretor-geral da agência, Tedros Ghebreyesus, disse que “as crianças podem ter baixo risco de doenças graves e morte por covid-19, mas correm alto risco de outras doenças prevenidas com vacinas.”
Esta semana é a Semana Mundial de Imunização, que acontece até 30 de abril. Tedros afirmou que “a imunização é uma das maiores histórias de sucesso na história da saúde global” e que mais de 20 doenças podem ser prevenidas com vacinas.
Todos os anos, mais de 116 milhões de crianças são vacinadas, ou 86% de todas as crianças nascidas globalmente. Mas ainda existem mais de 13 milhões de crianças em todo o mundo sem acesso a esses serviços.
Segundo o chefe da OMS, é certo que “esse número aumentará por causa da covid-19”, com interrupções em dezenas de países.
Também estão sendo afetados serviços para muitas outras doenças, que atingem sobretudo pessoas mais pobres e vulneráveis, como a malária.
Sábado, 25 de abril, marcou o Dia Mundial de Combate à Malária. Segundo uma nova análise do impacto da covid-19 em 41 países da África Subsaariana, o número de mortes por malária pode dobrar na região.
Tedros disse, no entanto, que “isso não precisa acontecer” e que a OMS está trabalhando com países e parceiros para garantir que os serviços contra a malária continuam.
Até esta segunda-feira, tinham sido confirmados mais de 2,8 milhões de casos e mais de 196 mil mortes.
Para Tedros, “o recurso mais importante na luta continua a ser a solidariedade.” Ele lembrou o lançamento do acelerador de acesso a diagnósticos, tratamentos e vacinas para o vírus, que aconteceu na sexta-feira, dizendo que “foi uma demonstração poderosa de solidariedade.”
Tedros afirmou, no entanto, que “é preciso uma vacina para controlar esse vírus.”
Ele disse que o sucesso no desenvolvimento de medicamentos e vacinas contra o Ebola mostrou “o enorme poder da colaboração nacional e internacional.” A OMS desempenhou um papel fundamental nesse processo e está fazendo o mesmo com a covid-19. Para o chefe da agência, “o desenvolvimento de uma vacina foi acelerado por causa do trabalho anterior da OMS.”
Tedros destacou ainda o fim de algumas medidas de isolamento na Europa, mas afirmou que “a pandemia está longe de terminar.” A OMS continua preocupada com tendências de crescimento na África, Europa Oriental, América Latina e alguns países asiáticos.
A agência continua apoiando dezenas de países. Na semana passada, entregou suprimentos para mais de 40 Estados africanos. Mais entregas estão planejadas.
A OMS já enviou milhões de itens de equipamentos de proteção individual para 105 países e suprimentos de laboratório para mais de 127 Estados-membros. Muitos outros milhões de testes serão enviados nas próximas semanas.
Tedros também agradeceu aos mais de 280 mil indivíduos, empresas e fundações que contribuíram para o Fundo de Resposta à Solidariedade, que já gerou mais de US$ 200 milhões.
Pela primeira vez, o briefing da agência teve tradução simultânea para português, que já estava disponível nas seis línguas oficiais da ONU. Nas próximas semanas, o serviço estará disponível em suaíle e hindi.
O diretor-geral disse que a OMS continua investindo em multilinguíssimo porque “beleza é diversidade” e a agência está “comprometida em prestar toda a informação possível, em todas as línguas possíveis, para chegar a todos os cantos do mundo.”