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Violência desaloja 300 mil em três semanas na RD Congo

Uma mulher recém-desalojada em um local de deslocamento na cidade de Bunia, na República Democrática do Congo.
© Acnur/Denis Oulai
Uma mulher recém-desalojada em um local de deslocamento na cidade de Bunia, na República Democrática do Congo.

Violência desaloja 300 mil em três semanas na RD Congo

Paz e segurança

Ataques em Itúri envolvem grupos hema e lendu; Acnur receia que escalada de confrontos venha a isolar vastas áreas da província do leste; áreas fronteiriças próximas ao Uganda têm mais de 100 mil pessoas.

Mais de 300 mil pessoas foram desalojadas pela violência entre comunidades que começou nos princípios de junho no nordeste da República Democrática do Congo, RD Congo.

Os ataques que envolvem os grupos hema e lendu na província de Itúri  pioraram em meados da semana passada. Os atos de violência tiveram o momento mais alto no período entre finais de 2017 e início de 2018, mas a situação tinha acalmado.

República Democrática do Congo: Outra preocupação é com a segurança dos civis, após novas denúncias de assassinatos, sequestros, mutilações e violência sexual.
República Democrática do Congo: Outra preocupação é com a segurança dos civis, após novas denúncias de assassinatos, sequestros, mutilações e violência sexual. Foto: Ocha/Eve Sabbagh

Grupos de Autodefesa

Grande parte das pessoas foge de ataques e retaliações nos territórios de Djugu, Mahagi e Irumuas. Há relatos de formação de grupos de autodefesa por ambas as comunidades, que cometem atos de vingança.

A Agência das Nações Unidas para os Refugiados, Acnur, revelou esta terça-feira que ainda não teve acesso à maioria das áreas afetadas mas recebeu relatos de 125 locais afetados.

O receio da agência é que a escalada da violência possa isolar vastas áreas da província. Outra preocupação é com a segurança dos civis, após novas denúncias de assassinatos, sequestros, mutilações e violência sexual.

Membros das forças de paz da Monusco foram mortos esta quarta-feira em protestos violentos no leste
ONU/Sylvain Liechti
Membros das forças de paz da Monusco foram mortos esta quarta-feira em protestos violentos no leste

Necessidades

Cerca de 10% dos deslocados procurou abrigo em comunidades anfitriãs. Essas áreas já têm condições inóspitas e têm necessidades, incluindo abrigo e saúde.

Decorrem operações militares para controlar a situação em Djungu, onde o Acnur atua com parceiros e autoridades para ter uma imagem mais clara sobre as necessidades urgentes relacionadas aos abrigos e alimentos.

A agência disse haver pessoas dormindo em locais abertos ou edifícios públicos, onde estã concentrado um grande número de deslocados.

Acnur atua com parceiros e autoridades para ter uma imagem mais clara sobre as necessidades urgentes relacionadas aos abrigos e alimentos na República Democrática do Congo.
© UNICEF/Vincent Tremeau
Acnur atua com parceiros e autoridades para ter uma imagem mais clara sobre as necessidades urgentes relacionadas aos abrigos e alimentos na República Democrática do Congo.

Assistência

Cerca de 10 mil desalojados passam noites em Drodro sem qualquer assistência viável. Cerca de 20 mil congoleses chegaram à capital da província de Itúri, Bunia, onde a agência identifica locais adequados para alojar essas pessoas nos arredores da cidade.

Vários congoleses em busca de segurança estão supostamente bloqueados por jovens armados dos dois grupos étnicos. Outras tentam atravessar o Lago Albert até o Uganda ou estão próximas da fronteira, onde estão concentradas 100 mil pessoas.

A RD Congo tem cerca de 4,5 milhões de deslocados internos. O novo movimento no leste é mais frequente nas províncias orientais, com destaque para Itúri, Kivu do Norte e Kivu do Sul.