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“Corrupção continua a afetar todos os aspetos da vida no Afeganistão”, destaca relatório

De acordo com as autoridades, 18 candidatos concorrem para a eleição no Afeganistão que tem três mulheres inscritas como vice-presidentes.
Foto Unama/ Abbas Naderi
De acordo com as autoridades, 18 candidatos concorrem para a eleição no Afeganistão que tem três mulheres inscritas como vice-presidentes.

“Corrupção continua a afetar todos os aspetos da vida no Afeganistão”, destaca relatório

Paz e segurança

Missão das Nações Unida no país apela a foco contínuo nas reformas contra esta prática; corrupção continua a ser obstáculo substancial para paz e prosperidade; eleições presidenciais vistas como “um teste para implementar recomendações anticorrupção”.

O foco e o esforço contínuos são essenciais para aproveitar os avanços na implementação da estratégia anticorrupção no Afeganistão. A conclusão é de um novo relatório das Nações Unidas divulgado esta segunda-feira, em Cabul.

Para o representante especial do secretário-geral da ONU para o Afeganistão, Tadamichi Yamamoto, “combater a corrupção continua a ser uma necessidade verdadeiramente fundamental no Afeganistão”.

Progressos

Yamamoto sublinha que “as Nações Unidas apreciam os esforços do governo em estabelecer muitas medidas de reforma” lembrando que “as próximas eleições são um teste para implementar as lições aprendidas.”
Yamamoto sublinha que “as Nações Unidas apreciam os esforços do governo em estabelecer muitas medidas de reforma” lembrando que “as próximas eleições são um teste para implementar as lições aprendidas.”Foto ONU/ Eskinder Debebe

O representante explicou também que “as Nações Unidas saúdam o progresso feito pelo país, mas todas as instituições afegãs devem continuar os seus esforços para promover a integridade, a responsabilidade e a transparência no Afeganistão.”

O terceiro relatório anticorrupção da Missão das Nações Unidas no país, Unama, intitulado "A luta contra a corrupção no Afeganistão: Base para a Paz e Prosperidade", analisa o progresso do país na reforma anticorrupção.

A publicação fornece ainda análises e recomendações para apoiar as instituições afegãs no combate à corrupção para melhorar a vida de todos cidadãos.

O relatório descreve como a corrupção continua a afetar todos os aspetos da vida no Afeganistão, minando a confiança pública nas instituições governamentais e dificultando os esforços para trazer paz duradoura e prosperidade ao país.

Recomendações

Para o responsável, “a corrupção mina o estado de direito e abre as portas para mais crimes, criando um ciclo vicioso que promove uma cultura de impunidade".

O documento adianta que “ainda mais importante, a corrupção coloca em risco as perspetivas de paz, pois um acordo negociado para o futuro do Afeganistão deve ser baseado na integridade e justiça.”

O relatório faz várias recomendações, reconhecendo que os atuais esforços anticorrupção do governo “ainda têm que impactar a vida da maioria dos afegãos”

A publicação  conclui que, “apesar das muitas reformas legais e políticas que foram realizadas, a corrupção continua a ser um obstáculo substancial a longo prazo para a paz e a prosperidade.”

Reforma

Uma das principais recomendações no relatório é que o Afeganistão desenvolva uma estratégia de longo prazo para aproveitar os ganhos dos esforços de reforma do passado e alavancar a crescente vontade pública de combater a corrupção.

Yamamoto sublinha que “as Nações Unidas apreciam os esforços do governo em estabelecer muitas medidas de reforma” lembrando que “as próximas eleições são um teste para implementar as lições aprendidas.” O país terá eleições presidenciais em setembro próximo. 

O responsável garantiu ainda que as Nações Unidas “continuam comprometidas em apoiar o Afeganistão na implementação de suas obrigações sob a Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção”, que o Afeganistão ratificou em 2008.

Ferramenta

A Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção é o único instrumento universal sobre a prática juridicamente vinculativo.

A abordagem de longo alcance da Convenção e o caráter obrigatório de muitas de suas disposições fazem dela uma ferramenta única para o desenvolvimento de uma resposta abrangente a um problema global. A maioria dos Estados-membros das Nações Unidas é parte na Convenção.