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Agências da ONU seguem rota do ciclone Fani que já desalojou 1 milhão na Índia BR

Imagem satélite do ciclone Fani a 1 de maio
Nasa, Eosdis
Imagem satélite do ciclone Fani a 1 de maio

Agências da ONU seguem rota do ciclone Fani que já desalojou 1 milhão na Índia

Migrantes e refugiados

Mais de 28 milhões de pessoas estão na trajetória do ciclone; tempestade segue depois para Bangladesh, onde pode afetar assentamentos de refugiados rohingya; em exclusivo para a ONU News, vice-chefe da missão da Organização Internacional para Migrações no país disse que prioridade é evitar perda de vidas. 

 O ciclone Fani atingiu a costa leste indiana nesta sexta-feira às 8 horas, tempo local, provocando chuvas torrenciais e ventos de cerca de 200 km / h.  

Segundo agências de notícias, três pessoas teriam morrido. O fenômeno é considerado “uma das tempestades mais severas a atingir a região nos últimos anos”. 

Refugiados 

Assentamento de refugiados Rohingya em Cox's Bazar, em Bangladesh.
Assentamento de refugiados Rohingya em Cox's Bazar, em Bangladesh, by OIM/Olivia Headon

Foram relatadas inundações em várias áreas. Os meteorologistas preveem ondas  de cerca de 1,5 metros, que podem ameaçar as casas em zonas menos elevadas. 

Em Odisha, mais de um milhão de pessoas foram evacuadas das comunidades mais vulneráveis ao longo da costa. Nas próximas horas espera-se que a tempestade enfraqueça, enquanto se desloca para nordeste, em direção a Calcutá. 

A tempestade deve seguir depois para o Bangladesh e atingir, durante o fim de semana, Cox’s Bazar, onde vivem cerca de 1 milhão de refugiados rohingya. 

A ONU News falou em exclusivo com o vice-chefe da missão da Organização Internacional para Migrações, OIM, em Bangladesh, Manuel Marques Pereira, sobre os preparativos para a chegada do ciclone.  

“A maior preocupação que nós temos é evitar a perda de vida de qualquer um dos refugiados.  Como as estruturas de habitação dentro do campo são muito frágeis, são de bambu e lona plástica, é necessário garantir que as famílias estão preparadas para reforçar os seus abrigos, com maior capacidade de lhes providenciar resistência ao vento e as chuvas fortes. ” 

Instalações 

Manuel Pereira lembra que estes assentamentos foram construídos há menos de dois anos, quando os rohingya começaram a sair de Mianmar para fugir da violência, e ainda são muito frágeis.  

Soundcloud

“Neste momento, não existem estruturas de evacuação permanentes no campo. A operação é muito jovem, esta crise só tem dois anos. Não foi possível ainda, com tantas necessidades, chegar a construir edifícios de betão. Então é necessário que se comece a preparar as famílias ao nível individual, o mais cedo possível, para reduzir o impacto destas chuvas. À medida que o ciclone passa, à medida que as chuvas se vão intensificando, o risco de se destruir o abrigo é maior. Nós queríamos muito não ter de evacuar ninguém, por fora de suas casas, num centro comunitário, por isso é preciso reforçar as casas.” 

Assistência  

Em Bangladesh, o Programa Mundial de Alimentação, PMA, anunciou que existem reservas de assistência alimentar e suprimentos posicionados para o caso de qualquer impacto. 

Na região bengali decorem trabalhos de engenharia e de redução do risco de desastres para tornar os acampamentos locais mais seguros e acessíveis nas estações de monções e ciclones. 

Ciclone Fani: “À medida que o ciclone passa, o risco de destruição do abrigo é maior”