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Em Cox’s Bazar, António Vitorino destaca prioridade de proteger 1 milhão de rohingyas

Mulheres e crianças destas comunidades são mais vulneráveis.
Acnur/Santiago Escobar-Jaramillo
Mulheres e crianças destas comunidades são mais vulneráveis.

Em Cox’s Bazar, António Vitorino destaca prioridade de proteger 1 milhão de rohingyas

Migrantes e refugiados

Diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações visitou assentamentos de refugiados com chefe Humanitário e líder da Agência da ONU para Refugiados; agências preparam acampamentos para resistir à época dos ciclones e monções. 

Três altos funcionários das Nações Unidas visitaram assentamentos de refugiados em Cox’s Bazar, no Bangladesh, que acolhem cerca de 1 milhão de pessoas da minoria rohingya originária de Mianmar.

Participaram na visita o subsecretário-geral para Assuntos Humanitários, Mark Lowcock, o alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Filippo Grandi, e o diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações, António Vitorino.

Chefe humanitário da ONU, Mark Lowcock, no assentamento de Kutapalong, no Bangladesh
Chefe humanitário da ONU, Mark Lowcock, no assentamento de Kutapalong, no Bangladesh, by Acnur/Will Swanson

Prioridades

Em declarações à ONU News, no fim de semana António, Vitorino disse que proteger estes refugiados durante a época das monções é a preocupação mais urgente.

“Neste momento, no curto prazo, a principal preocupação é permitir que mais de um milhão de refugiados rohingya que se encontra em Cox Bazar enfrente, nas melhores condições possíveis, a época das monções que se aproxima. Foram feitos muitos melhoramentos nos campos, para, exatamente, reforçar as condições de preparação e de resiliência face a uma tempestade. Mas, obviamente, é sempre um fator de grande preocupação porque o que está, acima de tudo, em causa é a segurança das vidas e das pessoas.”

A visita aconteceu antes da época dos ciclones, que é seguida pelas monções. Ambas representam sérios riscos, incluindo inundações, deslizamentos de terra e surtos de doenças, para milhares de mulheres, homens e crianças em situação vulnerável.

Regresso

Durante a visita, os representantes falaram com diferentes grupos de refugiados e destacam a importância de apoiar esta população, sobretudo na área da educação.

Cerca de metade das 540 mil crianças refugiadas com menos de 12 anos de idade estão sem aulas e es outras têm acesso a uma escolaridade muito limitada. Apenas uma minoria de adolescentes tem acesso a qualquer forma de educação.

António Vitorino disse que a grande prioridade para esta população, no entanto, continua a ser o regresso a Mianmar, de livre vontade e com condições de segurança.

“Numa perspectiva mais alargada, a nossa principal preocupação é que sejam criadas as condições em Mianmar para que se verifique o retorno dos refugiados rohingya ao estado de Rakhine e que, nesse estado, tenham condições de liberdade de movimento e que tenham um estatuto jurídico que lhes permita estabelecerem-se e viverem e realizarem-se plenamente.”

Prioridades para proteger 1 milhão de rohingyas em Cox’s Bazar

Necessidades

Durante a visita, o alto comissário para Refugiados disse que “os desafios são enormes”. Grandi pediu à comunidade internacional que continue apoiando as necessidades críticas de 1,2 milhão de pessoas no sudeste de Bangladesh, incluindo as comunidades anfitriãs.

Os altos funcionários também debateram com o governo as formas de apoio da comunidade internacional aos seus esforços. No terreno, viram o trabalho sendo feito para fortalecer abrigos, melhorar infraestruturas e treinar voluntários.

O subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários afirmou que “o acampamento está muito melhor estabelecido” e que “há uma sensação muito mais forte de calma.” Mark Lowcock afirmou, no entanto, que “ainda existem muitos problemas, sobretudo problemas enfrentados por mulheres e meninas.”

Lowcock, Grandi e Vitorino também se reuniram com famílias, que contaram as histórias de fuga da violência em Mianmar durante o verão de 2017.