ONU preocupada com condições de segurança em acampamento na Síria
Pelo menos 12 pessoas foram mortas somente na primeira quinzena do ano em Al Hol, localizado no nordeste do país; 80% dos moradores são mulheres e crianças; chefe da ONU anunciou criação de painel para ajudar a proteger alvos humanitários de bombardeios e ataques.
As Nações Unidas estão preocupadas com a situação da insegurança no maior acampamento da Síria. Somente em 14 dias, 12 pessoas foram assassinadas no local.
As vítimas fatais no campo de Al Hol eram sírias e iraquianas.
Preocupação
Com quase 62 mil residentes, Al Hol é o maior campo de refugiados e deslocados internos da Síria. Mais de 80% são mulheres e crianças que fugiram em busca de proteção e assistência humanitária.
Falando a jornalistas em Genebra, o porta-voz do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários, Ocha, disse que a ONU está muito preocupada com a deterioração das condições do assentamento.
Segundo Jens Laerke, além de uma trágica perda de vidas, o aumento da violência também coloca em risco a capacidade da ONU e dos parceiros humanitários de prestar assistência humanitária essencial aos residentes com segurança.
Al Hol recebe ajuda de emergências e cuidados primários de saúde, água, abrigo, distribuição de alimento, higiene e proteção.
Apelo
Em nota, o coordenador humanitário na Síria, Imran Riza, e o coordenador humanitário regional para a crise na Síria, Muhannad Hadi, afirmam que “a segurança e o bem-estar das pessoas em Al Hol é de extrema importância e todas as partes relevantes devem garantir a proteção dos residentes do campo e trabalhadores humanitários.”
Eles também dizem que é preciso encontrar soluções duradouras para as pessoas no assentamento.
Painel
Na quinta-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, anunciou um Painel Consultivo Sênior independente que deve ajudar a proteger os trabalhadores humanitários.
Em abril do ano passado, António Guterres apresentou uma carta ao Conselho de Segurança com as conclusões de um relatório sobre incidentes e fez uma série de recomendações, incluindo a criação deste novo painel.
O ex-funcionário da ONU, Jan Egeland será o presidente do painel, que inclui ainda a ex-alta comissária assistente do Acnur, Erika Feller, e a ex-coordenadora humanitária regional da ONU para a Síria, Radhouane Noucier.
Conselho de Segurança
Também essa semana, o enviado especial do secretário-geral para a Síria, Geir Pedersen, disse ao Conselho de Segurança que “um lento tsunami” está “atingindo a Síria”.
Depois de uma década de conflito, colapso econômico agravado pela Covid-19, corrupção e má gestão, “milhões dentro do país e milhões de refugiados estão lutando contra traumas profundos, pobreza opressora, insegurança pessoal e falta de esperança.”
Pederson contou que mais de oito em cada 10 pessoas vivem na pobreza no país. O Programa Mundial de Alimentos, PMA, informou que 9,3 milhões sofrem de insegurança alimentar.
Ele afirma que a realização de eleições livres, como determinado na resolução do Conselho de Segurança 2254, ainda “está longe de acontecer”.