Conselho de Segurança debate “escalada mortal” da violência na Síria

Confrontos aumentaram nas últimas três semanas; pelo menos 160 pessoas foram mortas e 180 mil forçadas a abandonar suas casas; apenas na cidade de Idlib, 3 milhões de pessoas estão em risco.
A subsecretária-geral da ONU para Assuntos Políticos, Rosemary Dicarlo, alertou esta sexta-feira que “os civis estão a pagar o preço por uma guerra sem fim” na Síria.
O Conselho de Segurança debateu a escalada de violência no país, com a presença de DiCarlo e do subsecretário-geral para Assuntos Humanitários, Mark Lowcock.
There has been a deadly escalation of conflict in NW Syria in the last 3 weeks. My office & I have been asked a lot of questions like:What is the point of the Security Council passing resolutions if States are not going to comply? https://t.co/0N4Da490H6
UNReliefChief
Rosemary DiCarlo disse que, a 6 de maio, as forças do governo começaram uma ofensiva terrestre na zona nordeste do país. A 15 de maio, já tinham controlado várias cidades na região de Hama.
A representante pediu a todas as partes para que cessem as hostilidades e condenou todos os ataques a hospitais e infraestruturas médicas. A subsecretária-geral destacou a necessidade de todos os lados trabalharem juntos para acalmar imediatamente a situação na região. Segundo DiCarlo, 3 milhões de pessoas estão em risco.
A subsecretária-geral afirmou que “se a escalada continuar e a ofensiva avançar, o mundo arrisca consequências humanitárias catastróficas e ameaças à paz e segurança internacionais.”
DiCarlo disse que, devido a estes riscos, as Nações Unidas acolhem o anúncio feito pela Turquia e Rússia, a 15 de maio, da criação de um grupo de trabalho para estabelecer um cessar-fogo. Segunda ela, “essa cooperação é desesperadamente necessária.”
O chefe humanitário da ONU, Mark Lowcock, disse ao Conselho que, apesar dos avisos, “os piores medos estão se tornando realidade.” Em setembro de 2018, o representante tinha dito aos Estados-membros que esta crise podia se tornar na “pior tragédia humanitária do século 21.”
Segundo ele, durante as últimas três semanas de combates, pelo menos 160 pessoas foram mortas e até 180 mil pessoas fugiram das suas casas.
As agências humanitárias tentam ajudar as vítimas dos combates, mas a resposta tem sido fraca. Lowcock afirmou que uma operação militar completa sobrecarregaria toda a capacidade das Nações Unidas. Segundo ele, a organização “se aproxima rapidamente desse ponto.”
Apenas na região de Idlib, 18 hospitais e clinicas foram atacados nas últimas semanas.
O representante lembrou a resolução 2286 do Conselho de Segurança, que reforça as penalizações para ataques a hospitais na Síria, e perguntou “qual é o sentido do Conselho de Segurança aprovar resoluções como essas se os Estados não as cumprirem?"