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2,150 milhões de pessoas afetadas pelos dois ciclones que atingiram Moçambique

Entrega de alimentos do PMA na ilha de Matemo, Moçambique, em 8 de maio de 2019.
PMA/Deborah Nguyen
Entrega de alimentos do PMA na ilha de Matemo, Moçambique, em 8 de maio de 2019.

2,150 milhões de pessoas afetadas pelos dois ciclones que atingiram Moçambique

Ajuda humanitária

Números mais recentes mostram que no total há seis províncias e 71 distritos afetados; perto de 60 mil pessoas continuam em centros de alojamento temporário; 1,76 milhão de pessoas recebem assistência alimentar.

O Programa Mundial de Alimentos, PMA, informou que 2,150 milhões de pessoas foram afetadas pelos dois ciclones que atingiram Moçambique no espaço de seis semanas.

De acordo com a agência, no total, as duas intempéries abalaram 71 distritos de seis províncias do país.

Alvo imediato do Acnur são 15 mil deslocados internos por receber abrigo em comunidades locais.
Helicóptero do PMA chega a Matemo para distribuição de alimentos. Foto: PMA/Deborah Nguyen

Saúde

Nesta altura, há ainda cerca de 60 mil pessoas que estão temporariamente alojadas em centros de acolhimento, uma vez que as suas casas foram total ou parcialmente destruídas. De acordo com o PMA, 1,67 milhões de pessoas estão agora a receber assistência alimentar.

Na última atualização, a agência informa que o Ministério da Saúde de Moçambique lançou a Semana Nacional da Saúde na província de Sofala a 6 de maio.

A iniciativa pretende promover a vacinação contra a poliomielite, a rubéola e o sarampo, e ainda a distribuição de suplementos de vitamina A.

Adicionalmente, serão também fornecidos serviços de desparasitação, triagem nutricional e distribuição de suplementos de ferro para meninas adolescentes, mulheres grávidas e lactantes.

As autoridades continuam preocupadas com a situação de saúde e sanitária, sobretudo com casos de doenças transmitidas pela água. Segundo o PMA, o número de casos continua a aumentar, com a província de Sofala, por exemplo, a registar 6.732 casos de cólera e 22.852 casos de malária até 30 de abril.

Assistência

Desde o início da resposta do ciclone Kenneth, o PMA, em colaboração com as autoridades e os parceiros humanitários, assistiu 30 mil pessoas nos distritos de Quissangua, Macomia, Ibo e Mecujo, através da distribuição de alimentos e de material de abrigo, kits de saúde e, sempre que possível, comprimidos de purificação de água fornecidos por parceiros humanitários.

O PMA anunciou ainda que lançará ainda uma campanha para a Prevenção da Exploração Sexual e Abuso e reforçar a supervisão da distribuição de alimentos.

Esta campanha surge depois de relatos de ter sido exigido a mulheres sexo ou dinheiro para ter o seu nome incluído nas listas de assistência humanitária.

Também o Fundo das Nações Unidas para a População, Unfpa, informou que irá distribuir kits de segurança e higiene a mulheres e raparigas em situação de vulnerabilidade. A agência irá ainda instalar tendas de apoio aos centros de saúde e kits destinados à saúde sexual e reprodutiva.

Recolha de Fundos

O Comité Nacional do Fundo das Nações Unidas para a Infância de Portugal, Unicef Portugal, e parceiros lançaram uma campanha de recolha de donativos. O dinheiro destina-se a financiar a reconstrução do país.

Em nota, a diretora Executiva do Unicef Portugal, Beatriz Imperatori, destaca que “o caminho para a recuperação em Moçambique será longo”, lembrando que “o nível de devastação é tão grande que é fundamental garantir o apoio de todos em cada etapa deste caminho.”