Moçambique é apresentado como exemplo de “impacto mais acentuado” das alterações climáticas
Em Nova Iorque, secretário-geral mencionou tempestades que também atingiram os vizinhos Zimbabué e Maláui; Cimeira ONU-União Africana avaliou parceria entre as duas partes; novo encontro marcado para 2020 em Adis Abeba, Etiópia.
As Nações Unidas acolheram esta segunda-feira, a 3ª Conferência Anual da ONU e da União Africana, AU. O evento reuniu o secretário-geral da organização, António Guterres, e o presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat.
Falando a jornalistas após o encontro, o chefe da ONU destacou as alterações do clima e o financiamento para o desenvolvimento como “duas batalhas” que unirão o trabalho das duas partes nos próximos meses.
Impacto
Guterres citou as tempestades que recentemente aconteceram em Moçambique, no Zimbabué e no Maláui como exemplos do “impacto dramático e devastador” da mudança climática na região africana. O avanço da seca em áreas como o Sahel é outro exemplo causado por este fenómeno.
De acordo com o secretário-geral, o continente africano “praticamente não contribui para as mudança climática”, mas é uma onde o seu efeito é maior.
Guterres disse que o mundo não tem vencido a batalha contra as alterações do clima, sendo preciso mais ambição na mitigação, na adaptação e no financiamento para criar as condições para reverter as tendências atuais.
Globalização
Em relação ao financiamento para o desenvolvimento, Guterres mencionou que é preciso implementar a Agenda 2063 do Desenvolvimento Africano e, em nível global, a Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável.
Para o chefe da ONU, as duas estratégias estão alinhadas e visam alcançar uma globalização justa, um desenvolvimento sustentável e inclusivo, mas não podem ser implementadas sem financiamento.
Nos próximos meses, Guterres disse esperar uma batalha para garantir um “avanço espetacular” no financiamento disponível para o desenvolvimento no continente africano.
Para o secretário-geral, o desenvolvimento da região é uma condição fundamental para melhorar questões como equilíbrio, paz no mundo e criar mais facilidade no tratamento do fenômeno da migração.
Países
Guterres destacou que é do interesse de toda a comunidade internacional aumentar de forma substancial o financiamento para o desenvolvimento para os países africanos.
A reunião de Nova Iorque abordou a segurança em áreas como República Centro-Africana, Líbia, República Democrática do Congo, Corno de África, Sudão e Sudão do Sul. Também foi discutido como evitar que os efeitos de conflitos se espalhem, especialmente nos casos de Mali e do Burquina Faso.
A próxima reunião de António Guterres e Moussa Faki Mahamat deve analisar a parceria entre a ONU e a UA em Adis Abeba, na Etiópia, em 2020. O encontro vai acontecer em paralelo à Assembleia Geral da União Africana.