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Unicef alerta para impactos dos recentes ciclones mortais nas crianças

Segundo o Unicef, mais de 120 mil crianças foram afetadas pelo ciclone Kenneth, a tempestade mais forte já registada no extremo norte de Moçambique.
Acnur/ Luiz Fernando Godinho
Segundo o Unicef, mais de 120 mil crianças foram afetadas pelo ciclone Kenneth, a tempestade mais forte já registada no extremo norte de Moçambique.

Unicef alerta para impactos dos recentes ciclones mortais nas crianças

Clima e Meio Ambiente

Cerca de 1,1 milhão de crianças foram afetadas pelos ciclones em Moçambique; 400 escolas foram danificadas ou destruídas, afetando mais de 40 mil crianças em idade escolar; 10 milhões de menores podem ser afetadas pelo ciclone Fani na Índia.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, está preocupado com os impactos do  ciclone Fani que está a afetar a Índia. O alerta surge após “sérios danos” às vidas de milhares de crianças após devastação de regiões de Moçambique, em março e abril pelos ciclones Idai e Kenneth.

Para a agência, estes sinais devem “ser um alerta urgente” para os líderes mundiais sobre os graves riscos que os eventos climáticos extremos representam para a vida das crianças.

Impacto

Henrietta Fore esteve recentemente na Beira, Moçambique, onde conheceu vítimas do ciclone Idai
Henrietta Fore esteve recentemente na Beira, Moçambique, onde conheceu vítimas do ciclone Idai.
Unicef/UN0291728/Prinsloo

Em nota, a diretora executiva do Unicef, Henrietta Fore, destaca que os ciclones, secas e outros eventos climáticos extremos “estão a aumentar de frequência e de intensidade.”

A responsável lembra que os países e as comunidades mais pobres estão a ser “desproporcionalmente afetados”. Para as crianças, que já são vulneráveis, Fore destaca que “o impacto pode ser devastador.”

Segundo o Unicef, mais de 120 mil crianças foram afetadas pelo ciclone Kenneth, a tempestade mais forte já registada no extremo norte de Moçambique.

Destruição

Pelo menos 400 escolas foram danificadas ou destruídas, afetando mais de 40 mil crianças em idade escolar. Além disso, foi declarado ainda um surto de cólera na área afetada pelo ciclone Kenneth na província de Cabo Delgado.

O Unicef sublinha que a passagem do fenómeno natural, a 25 de abril, aconteceu apenas seis semanas após o ciclone Idai, que afetou 1 milhão de crianças. Quase dois meses depois do Idai, perto de 25 mil pessoas continuam a viver em abrigos.

No estado de Odisha, na Índia, 10 milhões de crianças estão entre os 28 milhões de pessoas em risco com a passagem do ciclone Fani. Cerca de 1 milhão de pessoas já foram retiradas para evitar aquele que já é considerado “o ciclone mais forte da Índia em mais de 20 anos.”

Riscos

Em nota, o conselheiro sénior do Unicef ​​para as Mudanças Climáticas, Gautam Narasimhan, também alerta que “as crianças vão suportar o impacto destes desastres."  

O representante lembra que a mudança climática “está relacionada com a subida do nível do mar e com o aumento da precipitação associada aos ciclones, causando mais devastação nas áreas costeiras, mas também no interior.”

Para o Unicef, a curto prazo, as crianças “correm risco de afogamento e deslizamentos de terra, doenças mortais, incluindo cólera e malária, desnutrição resultante da redução da produção agrícola, além de traumas psicológicos.”

A agência alerta que essa realidade “pode fazer perdurar ciclos de pobreza por anos e limitar a capacidade das famílias e das comunidades de se adaptarem às mudanças climáticas e reduzirem o risco de desastres.”