Relatora da ONU alerta sobre aumento de casos de tráfico no setor agrícola BR

Siobhán Mullally apresentou ao Conselho de Direitos Humanos números sobre crianças e adultos trabalhando na informalidade e sem proteção; ela citou riscos de violência sexual para mulheres e meninas e o problema de acesso à terra para mulheres indígenas.
O tráfico de seres humanos no setor da agricultura é uma preocupação grave que afeta crianças e adultos. Uma situação que é resultado do “crescimento do agronegócio e do poder das corporações aliado ao rápido ritmo da mudança climática que só piorou os riscos de tráfico”.
A afirmação é da relatora especial sobre tráfico de pessoas, Siobhán Mullally, durante a apresentação de um relatório ao Conselho de Direitos Humanos, em Genebra.
Ela destacou altos índices de informalidade no setor agrícola, falta de proteção e de supervisão na indústria de produção de alimentos e trabalho infantil.
Um outro problema é a prevalência de tráfico humano para trabalho forçado em lavouras. A relatora afirma a importância de medidas para combater o crime e de proteção de direitos humanos e ambientais.
Siobhán Mullally disse que meninas e meninos estão sendo alvos de riscos constantes no trabalho infantil nos campos apesar do compromisso global para erradicar a prática até 2025.
O relatório expressa preocupação com o aumento da prática que afeta 8,4 milhões de trabalhadores infantis nos últimos quatro anos, no mundo. O trabalho agrícola é reconhecido como um ponto de entrada para meninos e meninas.
A especialista em direitos humanos também advertiu sobre a situação das mulheres expostas aos riscos de tráfico e outras formas de violência incluindo abuso sexual e assédio.
Mullaly diz que quando o trabalho das mulheres na agricultura é invisível, ocorrem também falhas na assistência, proteção e prevenção.
A relatora citou a desigualdade de gênero na propriedade da terra que leva à pobreza, à dependência e a riscos de violência.
Meninas e mulheres são traficadas para todos os tipos de exploração incluindo trabalho forçado, abuso sexual e casamento forçado.
A discriminação contra mulheres e meninas indígenas aumenta os riscos de tráfico e limita a proteção das vítimas.
A relatora falou ainda de trabalhadores temporários que são impactados por políticas de migração, e das consequências da pandemia de Covid-19. Siobhán Mullally citou o papel dos sindicatos de trabalhadores para combater o tráfico de pessoas.
Em outubro, ela deverá apresentar um novo relatório sobre o tema à Assembleia Geral.