Agronegócio deve movimentar US $ 1 trilhão até 2030 na África
Agência da ONU estimula associativismo e inclusão de produtores da região; Terceira Conferência Internacional Food First renova parceria para apoiar agricultores africanos.
O agronegócio é um aliado importante para o desenvolvimento socioeconómico em África, segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO.
O diretor-geral da agência, José Graziano da Silva disse esta sexta-feira que o setor deve criar um mercado de US $ 1 trilhão até 2030 na região. Ele falava na Terceira Conferência Internacional Food First, que este ano busca a união de empresários africanos.
Subsistência
O chefe da FAO disse que para alcançar essa meta deve haver políticas e parcerias com a inclusão dos pequenos produtores, que devem envolver agricultores de subsistência e pastores.
Além de destacar as oportunidades do agronegócio, Graziano da Silva alertou que entre os riscos desse crescimento rápido estaria o domínio do processo pelos processadores e comerciantes.
Para Graziano da Silva, a ação dos pequenos produtores é essencial em mercados locais e para aliviar a insegurança alimentar. Ele alertou que estes produtores devem ser considerados quando se criam condições para que empresários agrícolas cresçam e prosperem na região.
Integração
No seu discurso, o chefe da FAO enfatizou que um dos maiores desafios é que produtores locais se organizem em cooperativas ou outras formas de associação para ajudarem a integração dos seus pares em cadeias agroalimentares modernas.
Entre as vantagens desse tipo de associações estão a oferta de assistência técnica, capacitação, recursos financeiros e acesso a tecnologias modernas aos agricultores familiares.
Outro benefício é promover uma cooperação mais estreita entre os agricultores e as instituições de pesquisa para ajudar a inclusão desses produtores na criação de políticas e serviços de extensão e consultoria aos seus membros.
Cadeias de Valor
O pedido do chefe da FAO é que haja “urbanização das áreas rurais”, um processo que ajudaria a criar 10 milhões de postos de emprego por ano. Entre as vantagens estariam a oferta de educação, saúde, eletricidade e acesso à internet.
Ele destacou ainda é preciso investir em infraestrutura, especialmente em estradas e na capacidade de armazenamento para ajudar na ligação entre produtores, processadores agroindustriais e outros segmentos das cadeias de valor.
No evento, a agência da ONU renovou a parceria iniciada há cinco anos com a Fundação Robobank da Holanda. A ideia da colaboração é ajudar no crescimento de agricultores e cooperativas dos países em desenvolvimento.
Muralha Verde
Entre as iniciativas conjuntas estão a baixar a perda de alimentos nas colheitas e o apoio ao investimento para produzir alimentos de forma ecológica, produção sustentável de cacau na África Ocidental e expansão da Grande Muralha Verde para combater os efeitos da mudança climática e da desertificação nessa região.
Em países como Tanzânia, Uganda e Etiópia a iniciativa incentiva o uso de microfinanças pelos jovens em áreas como horticultura, apicultura e outros projetos-piloto.
Apresentação: Eleutério Guevane.