Profissionais do campo destacam igualdade de gênero como um desafio
No Dia Internacional da Mulher Rural, ONU afirma que presença feminina nas atividades locais é crítica para combate à fome; pesquisa mostra que mulheres brasileiras do setor consideram a desigualdade de gênero um problema; grupo representa mais de 40% da força de trabalho agrícola nos países em desenvolvimento.
Neste 15 de outubro, as Nações Unidas marcam o Dia Internacional da Mulher Rural. Em comemoração à data, a organização lembra que a igualdade de gênero e o empoderamento feminino são essenciais na luta contra fome e má-nutrição.
A comemoração pretende reconhecer ainda “o papel crítico e a contribuição das mulheres no campo, incluindo as indígenas, no aprimoramento do desenvolvimento agrícola, na melhoria da segurança alimentar e na erradicação da pobreza rural”.
Brasil
No Brasil, país em que o setor agrícola é relevante para criação de empregos e renda, o número de mulheres atuantes cresceu, de acordo com a produtora rural e gerente de Comunicação da Associação Brasileira do Agronegócio.
Falando à ONU News de São Paulo, Gislaine Balbinot afirma que foi possível observar importantes avanços na participação feminina no setor, como o próprio autorreconhecimento.
“Existem mais de 1,7 milhão de mulheres comandando a produção agropecuária no país. Essas conquistas são um avanço porque no passado a presença feminina não era tão percebida como nós temos hoje. Nas pesquisas da Abag, muitos formulários precisavam ser retirados porque a mulher não se via como a gestora da propriedade. Mesmo fazendo todo o trabalho, no comando de compra, venda, produção e no trabalho braçal do dia a dia, ela não se identificava no papel.”
Gislaine acrescentou que agora a participação mais ativa e a busca por protagonismo entre as profissionais do campo é mais evidente.
“Esse número tem aumentado, nós percebemos uma postura diferente, muito mais atuante e da própria percepção de que elas realmente desenvolvem algo com valor e tem muito orgulho do trabalho que fazem.”
Em colaboração com a iniciativa privada e outros parceiros, a Abag divulgou um novo levantamento.
O estudo aponta que, mesmo com crescimento da presença feminina, 64% das entrevistadas ainda acreditam que a desigualdade é um problema no setor. No entanto, a maioria afirma que a situação de hoje é melhor que há 10 anos.
Para diminuir a lacuna, as profissionais afirmam ser é necessário aumentar a capacidade de treinamento e o acesso ao crédito de forma igualitária. Assim, elas também poderão investir em tecnologia e capacitação.
Mundo
Dados da ONU apontam que, em média, mulheres compõem mais de 40% da força de trabalho agrícola nos países em desenvolvimento. A proporção varia de 20% na América Latina a 50% ou mais em partes da África e Ásia.
Também não chegam aos 20% o número de mulheres proprietárias de áreas de plantação.
De acordo com as Nações Unidas, o papel feminino na agricultura de subsistência é muitas vezes não remunerado e sua contribuição para a economia rural é amplamente subestimada.
No entanto, a organização afirma que agricultura familiar produz quase 80% dos alimentos na Ásia e na África Subsaariana e apoia os meios de subsistência de cerca de 2,5 bilhões de pessoas.
A ONU reforça que as mulheres agricultoras são produtivas e empreendedoras, mas menos capazes de acessar terras, crédito, insumos agrícolas, mercados e cadeias agroalimentares de alto valor e obter preços mais baixos para suas culturas.