Pobreza impede 68% da população da Guiné-Bissau de ter dieta nutritiva BR

Encontro de Alto Nível do governo e agência da ONU reúne parceiros e decisores políticos para definir e aprovar roteiro de melhoria nutricional; ação alinhada aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável visa erradicar a fome e melhorar a segurança alimentar e a nutrição.
Novo estudo do Programa Alimentar Mundial, PAM, revela que quase três quartos da população da Guiné-Bissau não têm acesso a uma dieta energética devido aos elevados níveis de pobreza.
O custo diário para uma família de sete membros é de US$ 2,35 e a dieta nutritiva custa US$ 4. Uma barreira que elimina mais de 68% da população.
A divulgação do relatório sobre a disponibilidade, acesso e custos de uma alimentação saudável contou com a parceria do Ministério da Saúde, reuniu decisores políticos e parceiros-chave e culminou com aprovação de um roteiro destinado a melhorar a situação nutricional no país.
O estudo recolheu dados primários sobre os preços dos alimentos e analisou as pesquisas do Sistema de Seguimento da Segurança Alimentar e Nutricional de 2019 e o do Agregado da Revisão da Fome Zero em Bissau, ajustando-os aos dados do índice de preços ao consumidor.
Segundo a avaliação “Mitigar a falta de Nutrientes”, os atuais níveis de produção alimentar são insuficientes e podem ser melhorados através do aumento da fruta fresca, legumes, frutos secos e alimentos de origem animais.
O representante interino do PMA, Papa Fal, atribuiu o aumento dos preços de alimentos e combustíveis no mercado internacional ao conflito na Ucrânia e alertou sobre os riscos da monocultura do caju, em meio ao início da campanha de comercialização do produto.
“A economia do país depende em grande parte da monocultura do caju, porém ela apresenta riscos no que toca a deterioração dos meios de subsistência, devido a perda de rendimento de cerca de 60 por cento da população que vive da agricultura”.
A frequência dos choques climáticos e o aumento das temperaturas constituem um sério risco ao cultivo do caju, principal produto de exportação do país com mais de 200 mil toneladas em 2021.
O sistema alimentar da Guiné-Bissau carece de alimentos nutritivos acessíveis, 50 por cento do arroz consumido é importado e quase todo o peixe é exportado, resultando numa disponibilidade limitada de alimentos ricos em nutrientes.
As adolescentes, mulheres grávidas e lactantes que respondem por 40 por cento do custo da dieta das famílias e com maiores necessidades nutricionais, não conseguem satisfazer estas necessidades devido ao custo elevado dos alimentos ricos em nutrientes.
“Existem oportunidades para aumentar a disponibilidade de alimentos nutritivos, diversificando a produção e desenvolvendo a indústria pesqueira. Igualmente, a soberania alimentar poderia ser reforçada através da melhoria dos rendimentos das culturas, reduzindo a dependência da importação do arroz”.
A pasta de amendoim ou suplemento nutricional à base de lípidios, em quantidade média, seria não só uma boa solução para as crianças menores de cinco anos, vulneráveis ao atraso de crescimento e a deficiências em micronutrientes, mas também para reduzir o custo de uma dieta nutritiva em 20% ou 37%.
Entre as recomendações estão fortificar alimentos em casa como forma de cobrir 40% das necessidades em micronutrientes e melhoria na alimentação complementar, que apresenta baixos índices, através de mensagens de mudança de comportamento social.
“Tornar a refeição escolar mais nutritiva e apropriada, adicionando alimentos frescos para limitar os nutrientes como ovos, fruta de goiaba e folhas de mandioca e aumentar o tamanho das porções.
A ideia é reduzir a quantidade que os agregados familiares precisam gastar numa dieta nutritiva para crianças em idade escolar.
*Amatijane Candé, de Bissau para a ONU News