Perspectiva Global Reportagens Humanas

Unicef teme que existam crianças entre os mortos pelos bombardeios em Tigray BR

Milhões de pessoas precisam de assistência e proteção de emergência com a crise no norte da Etiópia
© UNICEF/Christine Nesbitt
Milhões de pessoas precisam de assistência e proteção de emergência com a crise no norte da Etiópia

Unicef teme que existam crianças entre os mortos pelos bombardeios em Tigray

Paz e segurança

Ataques entre os dias 5 e 7 de janeiro em acampamento para deslocados na região norte da Etiópia fizeram dezenas de vítimas; chefe da agência da ONU condena violação ao direito internacional humanitário e pede fim imediato das hostilidades.  

O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, condeou os ataques aéreos contra acampamentos de deslocados internos ocorridos em Tigray, norte da Etiópia.  

Os bombardeios aconteceram entre os dias 5 e 7 de janeiro, matando dezenas de civis, incluindo crianças, além das pessoas que ficaram feridas. A diretora-exeutiva do Unicef declarou que “não proteger de ataques os acampamentos de refugiados e deslocados internos é uma violação do direito internacional humanitário.” 

Mais de um ano de violência  

Chefe do Unicef, Henrietta Fore.
Foto: ONU/Evan Schneider
Chefe do Unicef, Henrietta Fore.

Henrietta Fore destacou que esses locais, que “acolhem crianças e famílias desalojadas, e as instalações essenciais que fornecem serviços humanitários, são considerados objetos civis” e por isso, não podem ser alvo de ataques.  

A chefe do Unicef lembrou que desde que o conflito em Tigray começou, há mais de um ano, “todos os lados em conflito têm cometido atos brutais de violência, incluindo graves violações contra crianças, em todo o norte da Etiópia”.  

O Conselho de Direitos Humanos da ONU estabeleceu em dezembro uma Comissão Internacional de Especialistas para investigar as denúncias de abusos que estão sendo cometidos na Etiópia.  

Cessar-Fogo  

Refugiados etíopes, fugindo de confrontos na região norte do país de Tigray, cruzam a fronteira com Hamdayet, Sudão, sobre o rio Tekeze
©Acnur/Hazim Elhag
Refugiados etíopes, fugindo de confrontos na região norte do país de Tigray, cruzam a fronteira com Hamdayet, Sudão, sobre o rio Tekeze

O Unicef está renovando seu apelo ao fim imediato das hostilidades. A diretora-executiva da agência, Henrietta Fore, pede ainda “a todos os lados em conflito para que aproveitem os sinais de progresso das últimas semanas e facilitem o acesso humanitário e protejam as crianças de qualquer dano.” 

O progresso a que Fore se refere está ligado a libertação de detidos, ocorrida na sexta-feira. Segundo agências de notícias, os líderes da Frente de Libertação do Povo de Tigray, que estão há mais de um ano lutando contra as forças governamentais no norte, se encontram entre os anistiados.  

No dia da libertação, o próprio secretário-geral da ONU, António Guterres, saudou o feito e pediu a todas as partes envolvidas para que aproveitassem o “passo importante e concordassem com um cessar-fogo” e trabalhassem pelo diálogo inclusivo e processo de reconciliação.  

Na semana passada, o porta-voz do secretário-geral explicou que nenhum caminhão com assistência humanitária havia conseguido entrar em Tigray desde 15 de dezembro.  

Ajuda humanitária  

Desde julho de 2021, apenas 1,338 caminhões entraram na região, representando menos de 12% dos veículos necessários para transportar ajuda. Segundo o porta-voz Stephane Dujarric, são necessários 100 caminhões por dia para aliviar as necessidades humanitárias da população em Tigray.  

As agências da ONU que distribuem alimentos na região contam somente com um sexto do combustível necessário para despachar itens essenciais em Mekelle.  

Depois dos bombardeios, o Escritório da ONU para Coordenação de Assuntos Humanitários, Ocha, garantiu que a organização e parceiros estão comprometidos a permanecer em Tigray e prestar assistência humanitária a mais de 2 milhões de pessoas, incluindo deslocados internos e refugiados.