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Mulheres na Etiópia “estão desesperadamente focadas em sobreviver” BR

Mais de 9,4 milhões precisam de assistência alimentar no norte da Etiópia
Ocha/Saviano Abreu
Mais de 9,4 milhões precisam de assistência alimentar no norte da Etiópia

Mulheres na Etiópia “estão desesperadamente focadas em sobreviver”

Paz e segurança

Declaração é do subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, que terminou uma visita de quatro dias ao país; em Tigray, ele encontrou-se com sobreviventes de abuso sexual; futuro do país é de grandes incertezas, com possibilidade de guerra civil. 

O subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários concluiu uma visita de quatro dias à Etiópia, onde teve encontros “construtivos” com o primeiro-ministro Abiy Ahmed e outros integrantes do governo. 


Martin Griffiths foi ver de perto a situação humanitária no país africano, que tem sido alvo de conflitos, principalmente em Tigray, no norte. Em Mekele, capital da região, o representante da ONU encontrou-se com mulheres afetadas pela onda de violência, incluindo sobreviventes de abuso sexual que estão recebendo apoio do Fundo de População da ONU, Unfpa. 


Alimentos e remédios 

Criança espera por avaliação nutricional em Tigray, Etiópia
Foto: © UNICEF/Christine Nesbitt
Criança espera por avaliação nutricional em Tigray, Etiópia


Segundo Griffiths, as mulheres etíopes estão “desesperadamente focadas na sobrevivência diária e repetem a todo o momento o que mais precisam: comida e medicamentos”. 


O subsecretário-geral afirmou que “o mundo precisa ajudá-las a imaginar um futuro melhor para elas e para as suas crianças.” Já em Amhara, uma mulher explicou que a violência no último mês a obrigou a se deslocar três vezes com a sua família. 


Além do conflito e do alto índice de deslocamento de pessoas, a população da Etiópia sofre também com a seca, com enchentes, com surtos de várias doenças e com infestações de gafanhotos, que atacam a produção agrícola.


Milhões dependem de ajuda 


Com isso, as necessidades humanitárias crescem: 20 milhões dependem de assistência, sendo que 7 milhões vivem na região norte do país. Griffiths ressaltou que a ONU trabalha com o governo da Etiópia e parceiros para fornecer ajuda a milhões de civis. 


Ao fim da visita, ele implorou aos lados em conflito para acabarem com as hostilidades. Griffiths também informou que a lacuna de financiamento para ajuda humanitária na Etiópia é de US$ 1,3 bilhão.


Conselho de Segurança 

Rosemary DiCarlo disse que ONU anseia pelos resultados concretos de investigação de abusos em Tigray
ONU/Eskinder Debebe
Rosemary DiCarlo disse que ONU anseia pelos resultados concretos de investigação de abusos em Tigray


A situação no país esteve no centro de um debate do Conselho de Segurança na segunda-feira. A subsecretária-geral das Nações Unidas para Assuntos Políticos declarou ao órgão que o “conflito que já dura um ano em Tigray alcançou proporções desastrosas”.


Rosemary DiCarlo acredita que o futuro da Etiópia é de grandes incertezas, ameaçando ainda a estabilidade de toda a região do Chifre de África ameaçada. 


Em novembro do ano passado, as forças da Frente de Libertação do Povo de Tigray atacaram uma base do Exército na região, levando o primeiro-ministro Abiy a autorizar uma ofensiva militar contra os rebeldes, o que deixou milhares de feridos. 


DiCarlo foi clara durante o encontro no Conselho de Segurança, ao afirmar “que o risco da Etiópia acabar enfrentando uma guerra civil é muito real.” Segundo a representante das Nações Unidas, isso poderá gerar uma “catástrofe humanitária que consumirá o futuro de um país tão importante”.