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Redução de Investimento Direto Estrangeiro atinge países de língua portuguesa  BR

Investimento Direto Estrangeiro, IDE, caiu 62% no Brasil, mas quase dobrou em São Tomé e Príncipe
Banco Mundial/Mariana Ceratti
Investimento Direto Estrangeiro, IDE, caiu 62% no Brasil, mas quase dobrou em São Tomé e Príncipe

Redução de Investimento Direto Estrangeiro atinge países de língua portuguesa 

Desenvolvimento econômico

Chefe da Seção dos Países Menos Avançados da Unctad, Rolf Traeger, falou à ONU News sobre o novo relatório da agência e o impacto no mundo lusófono; indicador caiu 62% no Brasil, mas quase dobrou em São Tomé e Príncipe e se manteve estável em Moçambique.  

Os países de língua portuguesa tiveram resultados diferentes na entrada de Investimento Direto Estrangeiro, IDE, no ano passado, indo de reduções de 62% no Brasil até aumentos de quase 100% em São Tomé e Príncipe.  

As conclusões fazem parte do Relatório de Investimento Mundial 2021, publicado pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, Unctad, em junho. 

Lusófonos 

O chefe da Seção dos Países Menos Avançados da Unctad, Rolf Traeger, falou à ONU News, de Viena, sobre os resultados para os diferentes países de língua portuguesa.  

No caso de Angola, o Investimento Direto Estrangeiro continuou tendo um comportamento atípico
FAO/Celestino Vonjila Essuvo
No caso de Angola, o Investimento Direto Estrangeiro continuou tendo um comportamento atípico

“Acompanhando a tendência global o IDE despencou no caso do Brasil de US$ 65 bilhões de dólares para US$ 25 bilhões em 2020. E também recuou em Cabo Verde e na Guiné-Bissau.  Contrariamente aos outros países, o Investimento Direto Estrangeiro em 2020 se manteve mais ou menos estável em Moçambique e no caso de São Tomé e Príncipe dobrou, de US$ 24 milhões para US$ 47 milhões.” 

Segundo a pesquisa, a entrada de investimento direto externo em Portugal caiu no último ano 48%, com os fluxos anuais de cerca de US$ 12 bilhões para quase US$ 6,3 bilhões.  

Rolf Traeger também destacou o mercado em Angola.  

“No caso de Angola, o Investimento Direto Estrangeiro continuou tendo um comportamento atípico porque passou-se de um desinvestimento dos investidores estrangeiros, retirando capital em angola, em 2019, de US$ 4 bilhões. No caso de 2020, essa retirada recuou para US$ 1,8 bilhões.” 

Perspectivas 

Segundo a Unctad, os bloqueios causados ​​pela pandemia atrasaram os projetos de investimento e as perspectivas de uma recessão levaram as empresas multinacionais a reavaliar novas propostas.  

Rolf Trager contou para a ONU News como a crise afetou os países de forma diferente.  

“Em 2020, por causa da Covid-19, o Investimento Direto Estrangeiro caiu em um terço, passando de um US$ 1,5 trilhão em 2019 a somente um US$ 1 trilhão em 2020. Essa redução no Investimento Direto Estrangeiro foi concentrada, principalmente, nos países desenvolvidos, ou seja América do Norte, Europa, Japão, Austrália, que tiveram uma queda de quase 60% no IDE que essas economias receberam. Ao mesmo tempo, no caso dos países em desenvolvimento, a redução do IDE foi menor, de somente 8%, se é que se pode falar de somente, porque de qualquer jeito foi uma retração.” 

A Covid-19 também causou um colapso nos fluxos de investimento para setores relevantes para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
ONU/Cia Pak
A Covid-19 também causou um colapso nos fluxos de investimento para setores relevantes para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Alimentos 

A Covid-19 também causou um colapso nos fluxos de investimento para setores relevantes para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODSs, nos países em desenvolvimento.  

Todos os setores de investimento de ODS, exceto um, energias renováveis, tiveram um declínio de dois dígitos em relação aos níveis pré-pandemia.  

A crise agravou o declínio em setores que já eram fracos antes da crise de saúde, como energia, alimentos e agricultura e saúde.  

Traeger disse ainda que, para o ano de 2021, se prevê uma recuperação no volume dos investimentos diretos estrangeiros no mundo inteiro na ordem dos 10 a 20%. Segundo o especialista, “isso ainda deixaria o total de investimentos abaixo do nível de 2019.”