Covid-19 reduz investimento direto estrangeiro pela metade, no Brasil queda de 48%
Novo relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, Unctad, incida maiores perdas em países desenvolvidos; tendência de queda permanece até fim deste ano; maiores perdas ocorreram na Itália, nos Estados Unidos e no Brasil, o único país de língua portuguesa no relatório.
Os fluxos globais de investimento direto estrangeiro, IDE, caíram 49% no primeiro semestre de 2020 em comparação com o ano passado, devido à crise econômica causada pela Covid-19.
A informação faz parte do Monitor de Tendências de Investimento Global da Conferência da ONU sobre Comércio e Desenvolvimento, Unctad, publicado esta terça-feira.
Panorama
Com a pandemia, medidas como confinamento social e bloqueios atrasaram ou cancelaram projetos de investimento. Além disso, as perspectivas de uma recessão profunda levaram empresas multinacionais a reavaliar ações.
Em comunicado, o diretor de investimentos e empresas da Unctad, James Zhan, disse que o declínio “é mais drástico do que se esperava, principalmente nas economias desenvolvidas.”
Segundo ele, “as economias em desenvolvimento resistiram à tempestade relativamente melhor na primeira metade do ano e o panorama permanece altamente incerto.”
Regiões
Já nos países desenvolvidos, o investimento direto estrangeiro chegou a US$ 98 bilhões, uma descida de 75% em relação a 2019.
Fluxos negativos nas economias europeias, principalmente na Holanda e na Suíça, agravaram a situação. Na América do Norte, o indicador caiu 56%, com perda de US$ 68 bilhões.
Por outro lado, a redução de 16% para as economias em desenvolvimento foi menor do que o esperado, devido, principalmente, aos resultados da China.
Economias em desenvolvimento resistiram à tempestade relativamente melhor na primeira metade do ano e o panorama permanece altamente incerto
Os fluxos diminuíram apenas 12% na Ásia, mas caíram 28% na África e 25% na América Latina e no Caribe.
A Itália foi a nação com maior queda: 74%, seguida por Estados Unidos, 61%, e do Brasil, onde a redução foi de 48%.
Diferenças
O declínio afetou todas as principais formas de investimento direto estrangeiro.
Segundo o relatório, os valores de fusões e aquisições internacionais alcançaram US$ 319 bilhões nos primeiros três trimestres de 2020.
A redução de 21% nos países desenvolvidos, que respondem por cerca de 80% das transações globais, foi causada pela situação n setor digital.
Em relação ao investimento em iniciativas que estão começando do zero, conhecidos como projetos Greenfield, a queda foi muito maior nas economias em desenvolvimento, cerca de 49%, do que nas economias desenvolvidas, onde caiu apenas 17%.
Previsões
A Unctad está mantendo suas perspectivas para o ano de uma redução de 30% a 40% nos fluxos de investimento direto estrangeiro.
Segundo a pesquisa, é provável que a baixa nas economias desenvolvidas se estabilize. Mesmo assim, havia uma percepção de recuperação entre julho e setembro.
Os fluxos para as economias em desenvolvimento também se devem estabilizar, com o Leste Asiático mostrando sinais de revitalização.
O relatório afirma que “os fluxos dependerão da duração da crise de saúde e da eficácia das intervenções políticas para mitigar os efeitos econômicos da pandemia.” Segundo a pesquisa, “os riscos geopolíticos continuam aumentando a incerteza.”
Apesar da queda em 2020, este tipo de investimento continua sendo a fonte mais importante de financiamento externo para os países em desenvolvimento. No final de 2019, cerca de US$ 37 trilhões estavam disponíveis para este tipo de investimento.