ONU organiza conferência de doadores para apoiar refugiados rohingya
Crise de deslocamento começou em 2017; 96% de todos os refugiados estão vulneráveis e dependem inteiramente de assistência humanitária; conferência de doadores acontece esta terça-feira para financiar resposta.
Agências da ONU lançaram um novo Plano de Resposta Conjunta, de US$ 943 milhões, para apoiar os refugiados rohingya e a comunidade de acolhimento que vivem em Cox's Bazar, Bangladesh.
Esta terça-feira, a ONU organiza em Genebra uma conferência de doadores para financiar o novo plano.
Necessidades
Os quase 900 mil refugiados rohingya em Bangladesh começaram chegando de Mianmar em agosto de 2017. As décadas anteriores foram marcadas por discriminação sistemática e violência direcionada.
Segundo a Organização Internacional para as Migrações, OIM, as necessidades são imensas e desafios complexos continuam a surgir.
Em comunicado, o diretor geral da OIM, António Vitorino, disse que “a comunidade internacional deve continuar a defender soluções sustentáveis em Mianmar que facilitariam o que todos os refugiados rohingya expressaram, consistentemente, como sua principal preocupação, voltar para casa.”
Pandemia
Em 2020, a comunidade humanitária mudou rapidamente as prioridades para responder ao impacto da Covid-19 nos 34 campos de Cox’s Bazar.
Uma recente pesquisa da ONU revelou uma diminuição na manutenção de abrigos e meios de subsistência, e deterioração no ambiente de proteção. Esses desafios, e outros como a preparação e resposta às monções e ciclones, permanecerão na vanguarda da resposta.
A OIM continuará a fornecer abrigos de emergência para salvar vidas e itens básicos de socorro para apoiar as famílias afetadas pelo recente incêndio, monções e outros desastres e choques.
As atividades descritas no apelo promovem o acesso equitativo a serviços de saúde mental e apoio psicossocial para todos os indivíduos afetados por crises. A OIM também visa encorajar o uso de pacotes essenciais de saúde, combatendo a desinformação e apoiando o envolvimento da comunidade.
O impacto da crise também requer esforços concertados para apoiar as comunidades anfitriãs afetadas pelos aumentos de preços e meios de subsistência difíceis.
Alimentação
Quase quatro anos após o início da crise, a segurança alimentar continua a ser uma prioridade.
Segundo o Programa Mundial de Alimentos, PMA, 96% de todos os refugiados estão vulneráveis e dependem inteiramente de assistência humanitária. Isso se deve em grande parte ao impacto da Covid-19 e aos ajustes em uma comunidade frágil com oportunidades limitadas de renda.
A vulnerabilidade entre a comunidade anfitriã também aumentou desde o início da pandemia, já que a maioria da força de trabalho em Cox's Bazar era assalariada diária.
O PMA ampliou sua assistência com vouchers eletrônicos para quase toda a população rohingya, fornecendo uma cesta básica para 860 mil pessoas.
Um dos principais focos da agência este ano é abrir e expandir o número de locais que dão aos refugiados acesso a uma escolha mais ampla de vegetais e frutas produzidos localmente, bem como frango e peixe vivo.
O PMA está integrando a comunidade anfitriã na resposta e proporcionando oportunidades econômicas, injetando US$ 10 milhões na economia local todos os meses.
Toda a assistência alimentar fornecida por meio de seus vouchers eletrônicos e lojas de alimentos frescos é produzida e adquirida localmente, proporcionando oportunidades econômicas vitais, ao mesmo tempo que melhora a diversidade alimentar dos refugiados.
Desastres
Cox’s Bazar é extremamente sujeito a desastres naturais. A cada 12 meses, ocorre uma monção e duas temporadas de ciclone em Cox’s Bazar.
Em 2021, o PMA deve continuar suas atividades de redução de risco de desastres, incluindo a reabilitação de abrigos, melhorando os sistemas de drenagem, estabilizando encostas nos acampamentos, mantendo as florestas existentes e plantando novas, e ajudando as comunidades a diversificar suas atividades de subsistência para que não dependam apenas da agricultura para renda.