Conflito em Tigray completa três meses e agências de auxílio pedem acesso
Com apoio mobilizado, dezenas de funcionários humanitários aguardam autorização para atuar em acampamentos com vítimas; número de necessitados chega a 2,3 milhões; pandemia e praga dos gafanhotos do deserto aumentam desnutrição na área do extremo norte etíope.
O Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários, Ocha, revelou que três meses depois do início do conflito em Tigray, no norte da Etiópia, a resposta humanitária continua severamente limitada e inadequada.
Ainda não é possível alcançar a maioria das pessoas necessitadas porque as agências não foram autorizadas a movimentar funcionários necessários para a área.
Necessitados
A entidade diz que está mobilizando uma quantidade cada vez maior de recursos humanitários, mas que sem pessoal e acesso, não poderá alcançar aos necessitados, especialmente nas áreas rurais.
As estimativas apontam para cerca de 2,3 milhões de pessoas enfrentando necessidades básicas e crescentes. Esse número inclui pessoas que já precisavam de assistência antes do conflito entre o Exército e forças regionais.
Entre os que mais sofrem estão pessoas vivendo em cidades ao longo das estradas principais da capital regional, Mekelle. O controle da área em direção a Shire é feito pelas forças do Governo Federal.
Agências da ONU e ONGs contaram que o acesso a essas áreas está bloqueado e nenhuma assistência humanitária chega a áreas não controladas pelo governo. O grande desafio é a falta de autorização das autoridades.
Distribuição
Mais de 70 funcionários humanitários aguardam luz verde na capital etíope, Addis Abeba, para serem enviados para Tigray para retomar a distribuição e coordenação.
O Ocha realça a contínua paralisação da atividade econômica, falta de eletricidade, comunicações e serviços básicos. A maior preocupação é com as áreas rurais, onde vivem dois terços da população.
A grande carência de alimentos nos mercados acontece porque o conflito eclodiu durante a época da colheita. O Ocha ressalta que as safras ficaram nos campos e as principais rotas de abastecimento para Tigray ainda estão cortadas.
A região tem ainda casos de desnutrição da população causada pela pandemia de Covid-19 e a praga dos gafanhotos do deserto.