Nações Unidas pede medidas urgentes para estender auxílio em Tigray, na Etiópia
Conselho de Segurança se reúne à porta fechada para debater situação; secretário-geral quer acelerar alívio a situação humanitária e alargar proteção para vítimas; refugiados chegaram a comer folhas por falta de alimentos.
O secretário-geral da ONU realçou a grande importância da parceria entre a organização e o Governo da Etiópia, através da equipe nacional, para abordar as necessidades humanitárias das populações afetadas pela crise em Tigray.
Em nota, emitida pelo porta-voz, António Guterres aponta que é preciso tomar medidas urgentes de forma continuada para aliviar a situação humanitária e alargar as proteções para as pessoas que estão em risco.
Conselho
Nesta quarta-feira, a situação da área marcada por confrontos entre o Exército e forças locais será discutida em sessão do Conselho de Segurança à porta fechada.
O chefe da ONU disse continuar “seriamente preocupado” com a situação na região, onde centenas de milhares de pessoas carecem de auxílio humanitário.

Guterres elogiou o governo etíope pelo "engajamento positivo" em recentes visitas de altos funcionários da ONU. Entre os representantes estiveram o alto comissário para Refugiados, Filippo Grandi, o diretor executivo do Programa Mundial de Alimentos, PMA, David Beasley, e o subsecretário-geral para Proteção e Segurança, Gilles Michaud.
No balanço da visita ao país do extremo leste africano, Filippo Grandi considerou a situação “extremamente grave”.
Após ter mantido diálogo com as autoridades etíopes, ele sublinhou que “o acesso é fundamental” para que a ONU e as ONGs possam avaliar a situação e alcançar as pessoas com assistência.
Assistência
O chefe da agência da ONU para Refugiados, Acnur, revelou que a discussão com todos os interlocutores “é a importância de ter um sistema de gestão de acessos, um sistema de gestão de desembaraços, que seja rápido, eficiente e o mais próximo possível das operações de campo.”
O alto comissário apontou que, devido à situação volátil, esses procedimentos devem ser muito ágeis para garantir a segurança dos trabalhadores humanitários.

No sul de Tigray, Grandi se reuniu com refugiados no campo de Mai Aini, um dos quatro locais hospedando cidadãos eritreus. Ele contou que as pessoas relataram situações “muito preocupantes.”
Entre as principais questões estão a falta de assistência por várias semanas que levou a se alimentarem de “folhas porque não havia outro alimento. ”
Insegurança
Os refugiados também foram vítimas de fogo cruzado, de infiltração de homens armados nos campos, bem como retornos forçados à Eritreia por forças eritreias presentes nas áreas.
Filippo Grandi também revelou relatos de refugiados que optaram por retornar à Eritreia devido à insegurança que prevalece em Tigray.