Perspectiva Global Reportagens Humanas

Em Davos, Guterres ressalta papel do setor privado na recuperação da pandemia  BR

Guterres lembrou que“centenas de milhões de pessoas ainda lutam todos os dias porque não têm acesso confiável e barato à eletricidade
Fórum Econômico Mundial de Davos/Pascal Bitz
Guterres lembrou que“centenas de milhões de pessoas ainda lutam todos os dias porque não têm acesso confiável e barato à eletricidade

Em Davos, Guterres ressalta papel do setor privado na recuperação da pandemia 

Desenvolvimento econômico

Secretário-geral lembra que Covid-19 gerou pior crise em quase um século, expondo desigualdades e fragilidades; novo relatório mostra que economia mundial encolheu 4,3% no ano passado, mais do dobro do que durante crise financeira de 2008-2009.  

O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que o setor privado tem um papel fundamental para ajudar a tirar os países da crise da Covid-19 e da mudança climática. 

O chefe da ONU discursou no Fórum Econômico Mundial de Davos de forma virtual. O evento reúne líderes internacionais dos setores público e privado além de ativistas e celebridades. 

Apelo 

Cidade de Wuhan, na China, onde começou a pandemia há pouco mais de um ano
Cidade de Wuhan, na China, onde começou a pandemia há pouco mais de um ano, Chen Liang

Guterres disse que a comunidade internacional precisa da sua cooperação “mais do que nunca, para ajudar a mudar o curso, acabar com a fragilidade, evitar a catástrofe climática e construir o futuro justo e sustentável que se precisa.” 

Segundo ele, a Covid-19 gerou a pior crise econômica em quase um século, expondo desigualdades e fragilidades dos países. Para Guterres, “chegou o momento da verdade” e de colocar “o mundo nos trilhos.” 

Temas 

Ao falar do papel das vacinas na recuperação, ele disse que elas são bens públicos globais. Sobre as mudanças climáticas, o secretário-geral afirmou que o objetivo central deste ano é construir uma coalizão global para alcançar a neutralidade de carbono até 2050. 

Segundo ele, “todos os setores devem fazer a sua parte, desde aviação e agricultura até transporte, navegação e indústria. " 

Coalizão de vacinas da OMS, Covax, com o apoio da Aliança Global de Vacinas, Gavi, conseguiu assegurar 2 bilhões de doses de cinco produtores
Covax conseguiu assegurar 2 bilhões de doses de cinco produtores, University of Oxford/John Cairns

Relatório 

Ainda nesta segunda-feira, o Departamento Econômico e Social da ONU, Desa, divulgou o relatório Situação Econômica Mundial e Perspectivas. 

O documento revela que as consequências arrasadoras da pandemia serão sentidas por anos, a menos que sejam feitos investimentos em resiliência econômica, social e climática.  

A economia mundial encolheu 4,3% no ano passado, mais de 2,5 vezes mais do que durante a crise financeira de 2008-2009. 

Já as nações desenvolvidas tiveram uma contração maior, 5,6%, e  esperam subir 4% este ano. Os países em desenvolvimento tiveram uma queda de 2,5% e devem crescer 5,6% esse ano.  

Mulheres 

A pandemia também lançou 131 milhões de pessoas na pobreza, muitas das quais mulheres, crianças e membros de comunidades marginalizadas. 

Impactos fiscais da crise estão limitando a capacidade de investir na recuperação
US$ 12,7 trilhões em medidas de estímulo evitaram um colapso total da economia mundial, MSC shipping

A crise afetou desproporcionalmente mulheres e meninas, que enfrentaram riscos maiores de pobreza e violência. Elas também representam mais da metade da força de trabalho em setores que foram duramente atingidos por bloqueios, como varejo, hotelaria e turismo. 

Segundo a pesquisa, US$ 12,7 trilhões em medidas de estímulo evitaram um colapso total da economia mundial, mas a grande diferença dessas medidas entre países significa que a recuperação também deve ser diferente.  

Dívida 

Além disso, o financiamento de pacotes de estímulo aumentou a dívida pública global em 15%, representando um fardo potencial para as gerações futuras, a menos que sejam feitos investimentos para promover o crescimento. 

Em comunicado, o economista-chefe da ONU e secretário-geral assistente para Desenvolvimento, Elliot Harris, disse que "a profundidade e gravidade da crise sem precedentes prenunciam uma recuperação lenta e dolorosa." 

Segundo ele, à medida que o mundo entra em uma longa fase de recuperação, é preciso “começar a impulsionar os investimentos de longo prazo que traçam o caminho para uma recuperação mais resiliente."