Perspectiva Global Reportagens Humanas

Guterres defende Oriente Médio e África como “região de oportunidades”

Secretário-geral discursa no Fórum Econômico Mundial no Mar Morto, Jordânia
ONU/ Mohammad Abu Ghoush
Secretário-geral discursa no Fórum Econômico Mundial no Mar Morto, Jordânia

Guterres defende Oriente Médio e África como “região de oportunidades”

Desenvolvimento econômico

Secretário-geral participou no Fórum Econômico Mundial que acontece no Mar Morto, na Jordânia; segundo o chefe da ONU, paridade de gênero aumentaria o produto interno bruto da região em US$ 2,7 trilhões até 2025.

O secretário-geral da ONU disse este sábado estar “convencido de que é crucial olhar para o Oriente Médio e Norte da África não apenas como uma área de conflito, mas como uma região de oportunidades.”

António Guterres falou em um encontro do Fórum Econômico Mundial que acontece no Mar Morto, na Jordânia.  

Mulheres e jovens

Segundo o chefe da ONU, com abordagens inteligentes e apoio da comunidade internacional é possível “desencadear um dinamismo e capacidade notáveis” nesta região.

Tweet URL

Dizendo que “o empoderamento das mulheres é essencial”, o representante destacou um estudo recente segundo o qual alcançar a paridade de gênero plena e real aumentaria o produto interno bruto da região em US$ 2,7 trilhões até 2025.

Guterres destacou depois alguns passos, incluindo nova legislação sobre violência doméstica, novas penalidades para o assédio sexual, remoção de restrições à participação das mulheres nos mercados de trabalho e um aumento na representação das mulheres no parlamento e nas decisões. 

No mundo árabe, dois terços da população tem menos de 30 anos, o valor mais alto de sempre para estes países. Sobre os jovens, o chefe da ONU disse que a região deve fazer o mesmo que a Jordânia e capacitar a sua juventude. 

Segundo ele, isso requer um investimento massivo em educação, capacidades e participação.

Paz 

Falando sobre a paz na região, o secretário-geral afirmou que “a Jordânia continua sendo um pilar fundamental da estabilidade regional” e “um dos principais contribuintes para as forças de manutenção da paz das Nações Unidas, com centenas de tropas e agentes da polícia, uma contribuição generosa e vital.”

Para António Guterres, “este é realmente um momento crítico para a região” e as Nações Unidas estão desenvolvendo uma “onda de diplomacia pela paz” para resolver o problema do conflito e instabilidade.

Trabalhadores migrantes na Jordânia.
Trabalhadores migrantes na Jordânia., by OIT/Sami Haven

Ele deu alguns exemplos de progresso, como as eleições na Tunísia e um encontro com o grande imam da Mesquita Al-Alzhar, do Egito, sobre tolerância, respeito mútuo e combate ao ódio de todos os tipos.

Jordânia

Agradecendo a suas majestades o rei Abdullah II e a rainha Rania Al Abdullah por acolherem ao encontro, Guterres lembrou as vezes que trabalhou com eles como primeiro-ministro de Portugal e alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados. 

O secretário-geral disse que o rei Abdullah II “foi sempre um defensor da paz”, “uma voz para a convivência inter-religiosa e respeito mútuo” e “um aliado de pessoas com necessidades.”

O chefe da ONU também disse que “a Jordânia demonstrou excepcional generosidade para as pessoas que fugiam de conflitos e convulsões na Palestina, na Síria e em outros lugares, com um enorme impacto na economia e na sociedade” do país.

Para Guterres, a Jordânia também é um país com grandes oportunidades de investimento para o setor privado.

O representante deu o exemplo de quando era alto comissário e decidiu criar um centro global de informações e tecnologia. Guterres disse que escolheram o país com base nos custos, qualidade dos trabalhadores, níveis de literacia digital e infraestrutura. Segundo ele, “os resultados são extraordinários.”

Mudança climática 

Angelina Jolie com refugiados sírios no acampamento de Zaatari, na Jordânia.
Angelina Jolie com refugiados sírios no acampamento de Zaatari, na Jordânia., by Foto Acnur: Ivor Prickett

O secretário-geral falou ainda sobre mudança climática, dizendo que “é o risco mais sistêmico” que o mundo enfrenta. 

Guterres disse que o problema “está se movendo mais rápido do que os esforços para lidar com isso” e que, desde incêndios na Califórnia até enchentes em Moçambique, se vê o impacto dramático de eventos climáticos extremos em todo o mundo.

Ele lembrou que o Oriente Médio enfrentará alguns dos piores impactos, com diminuiçao dos recursos hídricos e desertificação, o que reduzirá a quantidade de terra arável e aumentará a dependência das importações de alimentos.

Para Guterres, “é hora de mais urgência e mais ambição, não apenas para enfrentar esse estresse, mas para colher os benefícios da ação climática.”

O secretário-geral organiza uma Cimeira sobre a Ação Climática, em Nova Iorque, em 23 de setembro. A mensagem que ele enviou foi "não venha com um discurso, venha com um plano.”

Desigualdade

Guterres também falou sobre globalização e progresso tecnológico, dizendo que “levaram a avanços notáveis, mas também geraram aumento da desigualdade e o risco de interrupção nos mercados de trabalho.”

Segundo ele, “muitas pessoas, setores e regiões sentem que estão sendo deixados para trás” e “isso tem sido um fator na redução da confiança nos estabelecimentos políticos e no aumento do populismo.”

Para o chefe da ONU, um grande objetivo continua a ser alcançar os  “Objetivos de Desenvolvimento Sustentável em direção a uma globalização justa que funcione para todos.”