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Fundo de População da ONU lança apelo para ajudar 54 milhões no próximo ano  BR

Unfpa apoia criação de espaços seguros para mulheres, como este no Sudão
Unfpa Sudão
Unfpa apoia criação de espaços seguros para mulheres, como este no Sudão

Fundo de População da ONU lança apelo para ajudar 54 milhões no próximo ano 

Mulheres

Unfpa pediu US$ 818 milhões para socorrer meninas, mulheres e jovens vivendo em dezenas de países com emergências humanitárias incluindo Iêmen, Síria, Venezuela e Bangladesh; Covid-19 agravou a situação; mulheres e crianças são as maiores vítimas. 

Um apelo recorde de US$ 818 milhões para socorrer dezenas de milhões de pessoas em 68 países.  

O lançamento ocorreu nesta segunda-feira, numa reunião virtual, em Nova Iorque, do Fundo de População das Nações Unidas, Unfpa. 

A diretora-executiva do Unfpa, Natalia Kanem.
A diretora-executiva do Unfpa, Natalia Kanem, ONU Mulheres/Ryan Brown

Impacto 

O evento contou com a diretora-executiva da agência, Natalia Kanem, a embaixadora da Boa Vontade da agência e atriz de Hollywood, Ashley Judd,  doadores internacionais como o Reino Unido e a União Europeia além de outros representantes da agência e de países parceiros. 

Natalia Kanem disse que o impacto da pandemia de Covid-19 “tem sido catastrófico para mulheres e meninas.”  

Segundo ela, houve “um aumento de casos de violência por um parceiro íntimo, interrupção de serviços essenciais de saúde sexual e reprodutiva e aumento da necessidade de apoio psicossocial.” 

Violência de gênero 

A quantia, a maior já pedida pelo Unfpa, deverá socorrer 54 milhões de mulheres, meninas e jovens vivendo em emergências e crises humanitárias em países como Venezuela, Iêmen, Síria e Bangladesh. 

A agência informou que a assistência inclui cuidados de saúde sexual e reprodutiva e serviços de prevenção e combate à violência de gênero assim como o apoio a sobreviventes. 

A chefe do Unfpa lembrou que “quando uma crise acontece, o Unfpa está lá, no terreno, posicionado de forma única para prestar serviços integrados de saúde sexual e reprodutiva, violência de gênero e serviços de saúde mental.” 

Mulher recebendo serviços de saúde em Hamdayet, no Sudão
Mulher recebendo serviços de saúde em Hamdayet, no Sudão, Unfpa Sudão/Sufian Abdul-Mout

Ela afirmou que “toda mulher e menina tem direito à paz em casa, quer more ela numa casa ou numa tenda em um campo de refugiados.” Para a chefe do Unfpa, “o financiamento pode significar a diferença entre a vida e a morte em uma crise.”  

Investimento 

Em 2020, o Unfpa atuou com governos e parceiros para alcançar mais de 7 milhões de mulheres em 53 países com serviços de saúde sexual e reprodutiva. 

A agência também ajudou 4,4 milhões de pessoas em 49 Estados-membros com suprimentos e serviços de planejamento familiar. Além disso, prestou serviços para lidar com a violência de gênero a 2,8 milhões de pessoas. 

Em 2021, o Iêmen continuará sendo a maior crise global, com um requisito de financiamento de US$ 100 milhões.  

Grávidas 

A agência diz que as condições humanitárias continuam a se deteriorar devido à prolongada crise política. Mais de 80% da população, incluindo mais de 1 milhão de grávidas, precisam de alguma forma de assistência. Apenas metade das instalações de saúde continuam funcionando.  

Mulher em hospital da Serra Leoa. Nos países de baixa renda, cerca de 78% têm menos de um especialista em doença de ouvido
Mulher em hospital da Serra Leoa, by Unicef/Olivier Asselin

Na Síria, após uma década de conflito, a situação continua terrível. Mais de 11 milhões de pessoas precisam de assistência e cerca de 5,7 milhões de pessoas se refugiaram nos países vizinhos. O Unfpa precisa de US$ 81 milhões para responder à situação.  

Crises 

A agência também está presente na República Democrática do Congo, onde promove a coexistência pacífica entre as comunidades e aborda as causas estruturais do conflito intercomunitário, com ênfase nas mulheres e jovens. No próximo ano, são precisos US$ 67 milhões para continuar esse trabalho.  

No Sudão, dos 12,7 milhões de pessoas que precisam de assistência, quase 300 mil são grávidas. Apesar disso, menos de um terço das unidades de saúde oferecem atendimento obstétrico de emergência.  

O Unfpa está pedindo US$ 40 milhões para esse país.  

Na Venezuela e nações vizinhas, a agência precisa de US$ 27 milhões para garantir a continuidade dos serviços de saúde sexual e reprodutiva e reduzir o risco de violência de gênero entre meninas, mulheres e comunidades locais.  

Para terminar, o apelo inclui US$ 19 milhões para Bangladesh, que acolhe uma das maiores populações de refugiados do mundo e é altamente vulnerável a desastres naturais. 

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Unicef Mozambique/2018/Mário Le
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