Guterres diz que mundo “continua a viver à sombra de uma catástrofe nuclear”
Em Dia Internacional para a Eliminação Total das Armas Nucleares, secretário-geral pede que Estados-membros regressem ao diálogo para eliminar este tipo de armamento; em todo o mundo, ainda existem cerca de 13,4 mil armas nucleares.
Em 1946, a Assembleia Geral adotou sua primeira resolução comprometendo as Nações Unidas com a meta do desarmamento nuclear. Quase 75 anos depois, o secretário-geral da ONU afirma que o mundo “continua a viver à sombra de uma catástrofe nuclear.”
Este sábado, 26 de setembro, as Nações Unidas marcam o Dia Internacional para a Eliminação Total das Armas Nucleares.
Divisão
Em mensagem sobre o dia, António Guterres disse que “as relações entre os Estados que possuem armas nucleares são caracterizadas por divisão, desconfiança e ausência de diálogo.”
Segundo ele, “à medida que cada vez mais optam por buscar a competição estratégica em vez da cooperação, os perigos das armas nucleares estão se tornando mais agudos.”
Ele afirma que o uso dessas armas afetaria todos os Estados-membros, por isso todos têm a responsabilidade de procurar que esse armamento nunca mais seja usado e seja eliminado dos arsenais nacionais.
Esforços
O chefe da ONU disse que a pandemia de Covid-19 expôs uma ampla gama de fragilidades globais. Para ele, a preparação para enfrentar a ameaça das armas nucleares é uma dessas vulnerabilidades.
Ele diz que o mundo precisa “de um multilateralismo fortalecido, inclusivo e renovado, construído na confiança e baseado no direito internacional, que possa guiar até o objetivo comum de um mundo livre de armas nucleares.”
A única garantia contra o uso dessas armas horríveis é sua eliminação total
O secretário-geral afirma ainda que os Estados-membros que possuem estas armas devem liderar o caminho, “retornando a um diálogo real e de boa fé para restaurar a confiança e a segurança.”
Para Guterres, estes países “devem reafirmar o entendimento comum de que uma guerra nuclear não pode ser vencida e não deve ser travada.”
O secretário-geral termina dizendo que a morte, o sofrimento e a destruição causados pelos ataques em Hiroshima e Nagasaki, no Japão, não devem se repetir. Segundo ele, “a única garantia contra o uso dessas armas horríveis é sua eliminação total.”
Nações Unidas
Alcançar o desarmamento nuclear global é uma das metas mais antigas das Nações Unidas.
Apesar desse compromisso, nos dias de hoje ainda existem cerca de 13,4 mil armas nucleares. Além disso, vários países têm planos de longo prazo bem financiados para modernizar seus arsenais.
Mais da metade da população mundial ainda vive em países que possuem essas armas ou são membros de alianças nucleares.
Embora o número de armas tenha diminuído consideravelmente desde o auge da Guerra Fria, nenhum dispositivo nuclear foi fisicamente destruído. Ele ressaltou que não existe, no momento, nenhuma negociação de desarmamento.
Tratados
Ao mesmo tempo, a estrutura internacional de controle de armas que contribuiu para a segurança internacional desde a Guerra Fria recebe pressão crescente.
Em 2 de agosto de 2019, a retirada dos Estados Unidos significou o fim do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário, no do qual os Estados Unidos e a Rússia se comprometiam a eliminar uma classe inteira de mísseis nucleares.
O documento com Medidas para a Redução e Limitação de Armas Ofensivas Estratégicas, conhecido como novo Start, também expirará em fevereiro de 2021.
Se não for renovado, será a primeira vez que os dois maiores arsenais nucleares do mundo ficarão sem restrições desde os anos 1970.