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FAO aposta na prevenção para evitar praga de gafanhotos na África Ocidental BR

Invasão de gafanhotos do deserto que estão dizimando as plantações na Somália.
© FAO/Haji Dirir
Invasão de gafanhotos do deserto que estão dizimando as plantações na Somália.

FAO aposta na prevenção para evitar praga de gafanhotos na África Ocidental

Ajuda humanitária

Ações com pesticidas querem impedir chegada dos insetos na região; situação pode causar destruição de milhares de hectares de terras agrícolas; custos para controlar última crise ultrapassaram US$ 500 milhões em 2005.

A cooperação regional em pesticidas ajuda a impedir a chegada da nuvem de gafanhotos do deserto na África Ocidental. 

A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO, confirma o impacto de ações preventivas que implementa em nações oeste-africanas após o receio de invasão destes insetos a países como Chade, Níger, Mali e Mauritânia.

Um dos fatores que facilitam a praga de gafanhotos é a chuva que impulsiona a reprodução dos insetos.
Um dos fatores que facilitam a praga de gafanhotos é a chuva que impulsiona a reprodução dos insetos. Foto: FAO/Peterik Wiggers

Governos  

Nos últimos meses, vastas áreas da África Oriental foram consumidas pela praga,  considerada a pior em mais de 25 anos. Cerca de 2,5 milhões de pessoas enfrentam insegurança alimentar como consequência de danos em plantações e pastagens. A crise afeta  principalmente países como Quênia, Somália e Etiópia.  

Em maio, a FAO lançou o Apelo de Crise dos Gafanhotos no Deserto da África Ocidental. Na iniciativa, a agência atua em parceria com governos mobilizando equipes de vigilância e controle para prevenir uma possível ação da praga.

As chuvas favoráveis também ajudam a manter a região livre de gafanhotos, apesar de receios de que os insetos venham a deixar suas áreas tradicionais de reprodução no verão e sigam em direção ao Sahel, procurando pastagens mais verdes.

Mais de 8 milhões de pessoas sofreram de uma grave escassez de alimentos quando a região foi invadida pelos insetos entre 2003 e 2005. A situação aumentou os preços de mercado e gerou conflitos por recursos naturais limitados. 

Gafanhotos do deserto que se alimentam de colheitas no condado de Kitui, no Quênia.
© FAO/Sven Torfinn
Gafanhotos do deserto que se alimentam de colheitas no condado de Kitui, no Quênia.

Rapidez

A agência da ONU calcula que as perdas da última crise teriam sido de apenas 10% se o controle de gafanhotos fosse mais rápido. Estima-se que seriam poupados US$ 226 milhões em safras. 

O investimento para controlar a crise chegou a US$ 500 milhões, uma soma que corresponde a 170 anos de controle preventivo que impede a chegada e expansão dos gafanhotos.

A FAO destaca que as ações em andamento na África Ocidental e no Sahel pretendem evitar que piorem os níveis de segurança alimentar de milhões de pessoas em toda a região.

A agência ajuda a preparar pesticidas para impedir que nuvens de gafanhotos se movam em direção ao oeste do continente. A meta é que os países tenham suprimentos ao seu dispor antes que a ameaça apareça.

Cerca de 35 milhões de pessoas enfrentam insegurança alimentar aguda em cinco países
FAO
Cerca de 35 milhões de pessoas enfrentam insegurança alimentar aguda em cinco países

Covid-19

A pandemia de Covid-19 é um dos desafios associados à falta de recursos para comprar pesticidas para realizar a pulverização em grande escala. Há lentidão no fornecimento do produto e alta demanda. 

Para garantir ação rápida em caso de invasão das nuvens de gafanhotos, uma comissão regional ajuda na partilha de ações entre países de baixo risco para as nações de alto risco. 

De acordo com a FAO, a Argélia e o Marrocos disponibilizaram, juntos, cerca de 90 mil litros de pesticidas para operações terrestres em países de alto risco como Chade, Mali, Mauritânia e Níger.

Sem essas intervenções, milhares de hectares de terras agrícolas correm o risco de serem destruídos por nuvens que, em um único dia, podem consumir alimentos suficientes para até 35 mil pessoas.