Insegurança alimentar grave ameaça mais 10 milhões na América Latina e Caribe
Programa Mundial de Alimentos alertou para a possibilidade de uma “pandemia de fome” gerada pela Covid-19; 44 milhões estão desempregados na região, que também enfrenta temporada de furacões mais forte do que o normal.
O impacto socioeconômico da Covid-19 pode levar mais 10 milhões de pessoas na América Latina e no Caribe a uma situação de insegurança alimentar grave, informou esta quarta-feira o Programa Mundial de Alimentos, PMA.
Em comunicado, a agência afirmou que a comunidade internacional “precisa agir de maneira rápida e decisiva, se quiser impedir uma pandemia de fome.”
Crescimento
Segundo a agência, o número de pessoas com insegurança alimentar grave pode subir de 3,4 milhões, no ano passado, para cerca de 14 milhões até o final deste ano.
O diretor-executivo do PMA, David Beasley, disse que “a Covid-19 tem sido arrasadora para a América Latina, onde já se viam os sinais de uma tempestade econômica.”
Na semana passada, ele visitou Equador e Panamá, onde falou com líderes da região. Beasley contou que “famílias estão tendo dificuldades para comprar comida e medicamentos e o número de pessoas sem trabalho chegou a 44 milhões.”
Para ele, a situação “é uma combinação mortal” e “é preciso atuar de imediato, mas sendo inteligente.” Ele disse que não se pode lidar com a insegurança alimentar e a pandemia de forma separada, mas em conjunto, para salvar vidas.
Além da Covid-19, o PMA está alertando para a temporada de furacões, que se espera que seja mais ativa que o normal
Países
Além da Covid-19, o PMA está alertando para a temporada de furacões, que se espera que seja mais ativa que o normal, trazendo novos riscos.
A agência da ONU está mais preocupada com pessoas no Haiti e no Corredor Seco da América Central, que inclui El Salvador, Guatemala, Honduras e Nicarágua. Também destaca a situação de migrantes venezuelanos na Colômbia, Equador e Peru.
O PMA atua com governos para fortalecer seus programas e se adaptar a choques, como desastres naturais e mudanças climáticas. Vários países já ativaram programas para responder à pandemia.
Além disso, o PMA diz que “é vital que os programas nacionais de proteção social se adaptem e se expandam para proteger os mais vulneráveis, como migrantes e pessoas que atuam na economia informal.”
Resposta
Usando seu centro de distribuição no Panamá, a agência enviou suprimentos para 25 países da região, incluindo kits com luvas, máscaras, aventais hospitalares. Também está servindo a comunidade humanitária com um helicóptero que transporta pessoal médico, suprimentos e equipamentos para áreas de difícil acesso.
Nesse momento, está abrindo corredores humanitários na República Dominicana para apoiar Haiti, Honduras e servir a América Central, e na Colômbia para chegar à América do Sul. Nos próximos dias, serão criados estoques de alimentos para apoiar as operações por três meses.
Todos os meses, cerca de 400 mil migrantes na Colômbia e no Equador já recebem transferências em dinheiro ou rações alimentares. No Haiti, onde o número de pessoas com insegurança alimentar pode subir de 700 mil para 1,6 milhão, distribuições de dinheiro e alimentos acontecem todas as semanas.
Na República Dominicana, foram entregues alimentos a 130 mil pessoas vulneráveis. Já na Guatemala, o PMA comprará alimentos para serem distribuídos pelo Ministério da Agricultura e Ministério do Desenvolvimento Social.