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Covid-19 pode elevar taxas de fome na América Latina e no Caribe em 269%  BR

Segundo o Acnur, cerca de 4 milhões de refugiados e migrantes venezuelanos foram afetados e não têm para onde ir.
OIM
Segundo o Acnur, cerca de 4 milhões de refugiados e migrantes venezuelanos foram afetados e não têm para onde ir.

Covid-19 pode elevar taxas de fome na América Latina e no Caribe em 269% 

Ajuda humanitária

Relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO, e Programa Mundial de Alimentos, PMA, revela que África será o continente mais afetado pela nova ameaça de insegurança alimentar além de Ásia e Oriente Médio.

Pelo menos 25 países e regiões* devem ser severamente atingidos por “níveis arrasadores” de fome por causa da crise econômica gerada pelo novo coronavírus.

O relatório de duas agências da ONU, FAO e PMA, divulgado nesta sexta-feira indica que a África será o continente mais afetados pela ameaça. Já na América Latina e no Caribe, o aumento da insegurança alimentar poderá ser de 269%.

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Famílias

Segundo o Relatório PMA-FAO Áreas Críticas 2020, em tradução livre, as consequências da Covid-19 levaram milhões de famílias a perder seus meios de subsistência. 

Outras regiões atingidas são Oriente Médio e Ásia, que também devem sofrer com a ameaça de fome.

O diretor-executivo do PMA, David Beasley, retomou sua analogia, feita em abril ao Conselho de Segurança, sobre o risco de “uma fome de proporções bíblicas” ao avisar sobre os danos causados pela pandemia.

Comunidade internacional

Beasley afirma que se não houver uma rápida ação da comunidade internacional para conter esse risco, muitas pessoas morrerão.

A situação de mais de 5 milhões de migrantes, refugiados e requerentes de asilo venezuelanos é um dos destaques do relatório. 

No Oriente Médio, a crise econômica no Líbano está levando a um aumento da insegurança alimentar para os líbios e cerca de 1,5 milhão de refugiados sírios que vivem no país. 

Na África, o relatório da ONU ressaltou conflitos, cheias e secas, além da invasão de gafanhotos do deserto que agravam a situação da fome no Sudão do Sul. 

Mesmo antes da pandemia, 6,5 milhões de sul-sudaneses já sofriam coma insegurança alimentar.

Resposta 

O PMA e a FAO estimam que o número de pessoas em insegurança alimentar pode quase dobrar até o fim do ano passando a 270 milhões. Sem assistência, uma média de 6 mil crianças, por dia, poderão perder a vida. 

As agências sugerem aos doadores um financiamento flexível, que permite que os fundos sejam usados onde há mais necessidade.  Uma outra demanda é a possibilidade de fluxo entre áreas rurais e urbanas, e entre países, sem interrupções na entrega, como as ocorridas por causa da pandemia. 

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Mulher na Nigéria recebe vale de alimentos como parte de programa que apoia famílias sofrendo com as medidas de combate à Covid-19, PMA/Damilola Onafuwa

Por fim, as agências apelam à comunidade internacional para que continue apoiando os governos nacionais, sobretudo nas áreas de proteção social, prestação de serviços básicos e sistemas alimentares. 

Até o final do ano, o PMA pretende aumentar suas operações para chegar a 138 milhões de pessoas. O custo dessa resposta é US$ 4,9 bilhões, mais da metade do Plano Global de Resposta Humanitária à Covid-19, atualizado na quinta-feira. 

O plano do Ocha deverá atender a pelo menos 65 países de baixa e média rendas.
 

*Haiti, Nigéria, Venezuela, Camarões, República Centro-Africana, Etiópia, Somália, Sudão do Sul, Iraque, Líbano, Zimbábue, Peru, Equador, Colômbia, Afeganistão, Bangladesh, Guatemala, Honduras, El Salvador, Nicarágua, Síria, República, Sudão, Iémen, Moçambique, Libéria, Burkina Fasso, Mali, Níger, Serra Leoa e Honduras.