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Iêmen tem 100 mil deslocados internos desde início do ano BR

Mãe e filhos deslocados na cidade de Hodeida, no Iêmen, onde a Covid-19 já é uma preocupação
Unfpa
Mãe e filhos deslocados na cidade de Hodeida, no Iêmen, onde a Covid-19 já é uma preocupação

Iêmen tem 100 mil deslocados internos desde início do ano

Ajuda humanitária

Pandemia de Covid-19 é nova causa de deslocamento no país, que enfrenta um conflito há seis anos; em 2019, a Organização Internacional para Migrações, OIM, chegou a mais de cinco milhões de pessoas, mas tem falta de financiamento para este ano.

Em 2020, mais de 100 mil pessoas foram forçadas a abandonar suas casas no Iêmen devido a conflitos e insegurança. A pandemia de Covid-19 está se tornando uma causa de deslocamento cada vez maior. 

Segundo a Organização Internacional para Migrações, OIM, entre 30 de março e 18 de julho, mais de 10 mil pessoas foram deslocadas devido à pandemia, com medo de contrair o vírus ou devido ao agravamento da crise econômica.

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Crise

Em comunicado, a chefe de missão da OIM, Christa Rottensteiner, disse que "a situação é terrível.” Ela dá o exemplo da cidade de Aden, onde os hospitais estão recusando pacientes e existem relatos de muitas sepulturas. 

Rottensteiner contou que “as comunidades deslocadas foram as mais afetadas pelo conflito” e, agora, “o surto de Covid-19 está tendo um enorme impacto sobre eles.”

O número oficial de casos permanece baixo, mas os trabalhadores humanitários estão assumindo que os casos são muito mais altos, devido à falta de testes e à parte da população que não procura tratamento.

Deslocamento

A maioria das pessoas está se mudando de Aden e Lahj para outras áreas menos afetadas, como os distritos de Al Dhale e Abyan, apesar dos combates que ainda existem em partes dessa província.

Devido a restrições de acesso, a OIM apenas está coletando dados em 12 das 22 províncias do país. A agência diz que o número de deslocados deve ser muito maior do que o registrado.

A OIM falou com uma das iemenitas deslocadas, Salam, que vive em um assentamento em Aden. Ela disse que "algumas pessoas tiveram que vender seus colchões, cobertores e roupas de criança.” 

Migrantes dormem em um prédio inacabado e abandonado na cidade de Aden, no Iêmen.
Migrantes dormem em um prédio inacabado e abandonado na cidade de Aden, no Iêmen., OIM/R. Ibrahim

Salam disse que trabalhava como empregada doméstica, mas agora quando oferece seus serviços, as pessoas pedem que se afaste, com medo de serem infectados. Devido a isso, ela teve que começar pedindo esmola na rua. 

Muitos dos deslocados já estão se movendo pela segunda, terceira ou quarta vez. Rawdah, que está vivendo em Taizz, disse que "as pessoas vivem com medo constante de desenvolver sintomas e não ter como se proteger."

Condições

Em muitos dos locais para deslocados, a situação da água e saneamento é extremamente preocupante, assim como o acesso aos serviços de saúde. 

A província de Marib, no sudeste do país, foi a região que recebeu mais pessoas este ano, cerca de 66 mil pessoas. Os locais informais de assentamento estão superlotados e não têm acesso a serviços essenciais.

Em todo o Iêmen, as medidas de prevenção e controle de infecções estão dificultando a resposta da OIM. Além de reunir informações, a agência também fornece assistência humanitária, garantindo acesso a cuidados de saúde, água potável, saneamento e abrigo. Em 2019, a OIM chegou a mais de 5 milhões de pessoas.

Para terminar, a chefe de missão da OIM afirmou que “as pessoas deslocadas precisam de mais apoio do que nunca, mas o financiamento ainda está aquém do necessário.”