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Nações Unidas condenam ataque que matou 11 no Iêmen incluindo crianças BR

Jovens iemenistas tecendo um tapete. Mais de mil civis morreram desde janeiro de 2020
Banco Mundial/Bill Lyons
Jovens iemenistas tecendo um tapete. Mais de mil civis morreram desde janeiro de 2020

Nações Unidas condenam ataque que matou 11 no Iêmen incluindo crianças

Paz e segurança

Em nota, coordenadora humanitária, Lise Grande, observou que esse é o segundo atentando em uma semana com mulheres e crianças entre as vítimas fatais; violência no país foi tema de reunião no Conselho de Segurança, nessa quarta-feira; ONU preocupada ainda com situação de navio petroleiro com mais de 1 milhão de barris, no Mar Vermelho, sob risco de vazamento.

A ONU condenou um atentando no Iêmen, que matou 11 pessoas incluindo crianças e mulheres. Em nota, a coordenadora humanitária da organização no país contou que pelo menos seis pessoas ficaram feridas no ataque na localidade de Al Musaafah al Maraziq.

Este foi o terceiro ataque consecutivo em três dias e o segundo que matou crianças e mulheres em apenas uma semana.

Carro da ONU no porto de Hodeida, perto de onde está o petroleiro FSO Safer
Carro da ONU no porto de Hodeida, perto de onde está o petroleiro FSO Safer, Unmha

Cessar-fogo

No domingo, um ataque aéreo havia matado nove civis, em Hajjah, no noroeste do Iêmen. Nos primeiros seis meses deste ano, o conflito no país já matou mais de mil pessoas.

Grande afirmou que a situação é "é horrível" e que “a única maneira de proteger os civis é acabar com os combates.” Ela lembrou que, há muito tempo, a ONU e parceiros humanitários estão pedindo um cessar-fogo no Iêmen.

A situação no país árabe foi o tema de uma reunião no Conselho de Segurança, na quarta-feira. Um dos novos desafios é a deterioração de um navio petroleiro com mais de 1,1 milhão de barris, localizado na costa do país.  

A Agência da ONU para o Meio Ambiente, Pnuma, teme um desastre ambiental devido ao risco de vazamento da embarcação, FSO Safer.

A chefe do Pnuma, Inger Andersen, afirmou que existe o risco e que se houver um derramamento, ecossistemas e meios de subsistência podem ser afetados por várias décadas.

O navio é de propriedade do governo iemenita, desde 2015 está sendo controlado por rebeldes houtis. 

Em maio, um vazamento inundou a casa de máquinas da embarcação, ameaçando desestabilizar a embarcação e derramar a carga no Mar Vermelho. 

Para Inger Andersen, “impedir que isso aconteça é a única opção.” Segundo ela, "apesar das dificuldades, tudo deve ser feito para realizar uma avaliação técnica e pequenos reparos." 

A longo prazo, a melhor opção é transportar o petróleo para um local seguro.  

Por enquanto, a comunidade internacional deve preparar um plano de resposta caso haja o vazamento. 

O Pnuma calcula o vazamento libere quatro vezes mais petróleo que o desastre da com a embarcação Exxon Valdez, na costa do Alasca em 1989. 

Para a chefe do Pnuma, o tema é responsabilidade da comunidade internacional. Ele disse que nem o Iêmen nem os países vizinhos têm capacidade para gerenciar e reduzir as consequências de um derramamento desta dimensão. 

Entrevista 

Enviado especial da ONU para o Iêmen, Martin Griffiths.
Enviado especial da ONU para o Iêmen, Martin Griffiths, Foto ONU/ Manuel Elias

Ao tratar da situação da violência e do conflito no Iêmen, numa entrevista à ONU News, o enviado especial da ONU ao país, Martin Griffiths, disse que “o processo tem sido longo e desafiador, principalmente porque está sendo conduzido no mundo virtual.” 

Griffiths contou que é sua “responsabilidade diminuir a divisão entre as partes, não importa quão grande seja, até que se alcance um compromisso que responda às aspirações do povo iemenita.” 

O enviado especial afirmou que não irá “desistir de lutar pelo fim dos combates, por medidas que aliviem o sofrimento do povo e pela retoma de um diálogo pacífico que acabe com o conflito.” Segundo ele, “enquanto as partes permanecerem envolvidas no processo, há uma chance de paz no Iêmen.” 

Crise 

O Iêmen continua sendo a pior crise humanitária do mundo. Quase 80% da população, mais de 24 milhões de pessoas, precisam de ajuda humanitária e proteção. 

Em uma conferência de doadores, em 2 de junho, foram prometidos  US$ 1,35 bilhão. São precisos US$ 2,41 bilhões para a resposta até o final do ano.  

Desde meados de abril, 31 de 41 dos programas ONU tiveram de ser reduzidos ou encerrados por falta de financiamento.