Especialistas preocupados com planos para descartar resíduos de Fukushima
Governo do Japão sinalizou que despejaria águas residuais no oceano; acidente com usina nuclear ocorreu em março de 2011; relatores dizem que tempo de consulta pública foi insuficiente e que decisão afetará comunidades dentro e fora do país.
Um grupo de especialistas em direitos humanos da ONU* pediu ao governo do Japão para adiar decisão sobre o despejo de águas residuais nucleares dos reatores de Fukushima no oceano.
Os quatro relatores afirmam que nada deve ser decidido até que a crise de Covid-19 tenha passado. Eles também querem que o tema seja levado a consultas com a comunidade internacional.
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O acidente nuclear em Fukushima ocorreu em 11 de março de 2011, quando a usina foi atingida por um tsunami que afetou metade de seus reatores nucleares.
Em nota, os especialistas dizem estar "profundamente preocupados” com relatos de que o governo acelerou o plano para liberar águas radioativas no oceano.
Segundo os relatores, o período de consulta pública foi insuficiente. Além disso, aconteceu durante as medidas de contenção da pandemia, limitando a contribuição de comunidades afetadas no Japão e países vizinhos, incluindo povos indígenas.

Decisões
O grupo afirma que "a Covid-19 não deve ser usada como distração para decisões que terão implicações profundas para as pessoas e o planeta nas próximas gerações." Segundo eles, "haverá graves impactos no meio de vida dos pescadores japoneses, mas também nos direitos humanos de pessoas e povos fora do Japão."
A nota informa que não existe necessidade de “decisões precipitadas” porque há espaço adequado para armazenamento. Além disso, a consulta pública não era esperada antes dos Jogos Olímpicos de 2020, que foram adiados no país por causa da pandemia.
Apelo
Os especialistas pedem “espaço e oportunidade adequados para realizar consultas”, dizendo que a decisão “provavelmente afetará pessoas e povos dentro e fora do Japão.”
Também apelam a que o governo “respeite o direito dos povos indígenas de obter consentimento prévio e informado e respeite o direito de reunião e associação.”
Os especialistas comunicaram suas preocupações ao governo do Japão por carta.
Eles também mencionaram preocupações com o aumento dos níveis de exposição à radiação considerada "aceitáveis" e sobre o uso de trabalhadores vulneráveis nos esforços de limpeza após o desastre nuclear.
*Os relatores especiais são independentes das Nações Unidas e não recebem salário pelo trabalho prestado.