ONU marca Dia Mundial da Liberdade de Imprensa pedindo esforços contra desinformação durante pandemia
Secretário-geral, chefe da Unesco e alta comissaria para direitos humanos participaram em evento com chefes de Estado e jornalistas; no ano passado, 57 jornalistas foram mortos em todo o mundo; cerca de 40% de posts em uma rede social são publicados por robôs.
A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, organizou esta segunda-feira um diálogo de alto nível sobre desinformação durante a pandemia de covid-19 para marcar Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.
Através da internet, participaram o secretário-geral da ONU, António Guterres, a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, e a alta comissária da ONU para os direitos humanos, Michelle Bachelet.
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O presidente da Libéria, George Weah, a jornalista Younes Mujahid, a presidente da Federação Internacional de Jornalistas, Maria Ressa, e o presidente dos Repórteres Sem Fronteiras, Christophe Deloire também participaram no debate, moderado pelo jornalista Jorge Ramos.
Abrindo o evento, o chefe da ONU afirmou que a causa da liberdade de imprensa “continua sendo essencial.”
António Guterres lembrou o tempo que passou em zonas de guerra e campos de refugiados, vendo como “jornalistas arriscam suas vidas para garantir que as histórias das pessoas sejam ouvidas.”
Apesar da sua importância, a mídia está sob crescente pressão nos últimos anos. Muitos jornalistas enfrentam ameaças, assédio e ataques violentos. No ano passado, 57 jornalistas foram mortos em todo o mundo.
Para o secretário-geral, “quando os jornalistas são atacados, as sociedades como um todo pagam um preço.” Ele disse que “nenhuma democracia pode funcionar sem a liberdade de imprensa, que é a pedra angular da confiança entre as pessoas e suas instituições.”
Pandemia
Este ano, o mundo enfrenta um novo desafio, a covid-19.
António Guterres afirmou que, junto com o aumento de casos, acontece “um surto perigoso de desinformação, desde conselhos prejudiciais à saúde a discursos de ódio e teorias da conspiração.”
Segundo ele, “mentiras flagrantes se espalham on-line a um ritmo aterrorizante.”
Uma análise recente concluiu que mais de 40% dos posts sobre covid-19 em uma grande rede social estão sendo publicadas por robôs, programas automáticos que fingem ser utilizadores verdadeiros.
Guterres lembrou ainda que o uso das mídias sociais aumentou dramaticamente. Por isso, “é gratificante ver que as plataformas de mídia social estão começando a levar suas responsabilidades a sério.”
Para o secretário-geral, “o antídoto para essa pandemia de desinformação são notícias e análises baseadas em fatos.”
Ameaças
Desde que a pandemia começou, muitos jornalistas foram submetidos a restrições crescentes e punições desproporcionais simplesmente por fazerem seu trabalho.
Guterres afirmou que restrições temporárias à liberdade de movimento são essenciais, mas “nunca devem ser usadas como pretexto para reprimir a capacidade dos jornalistas de fazer seu trabalho.”
Ele terminou dizendo que “as pessoas estão assustadas, querem saber o que fazer e onde procurar conselhos, precisam de ciência e solidariedade.”