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Com redução de chuvas em Angola, ONU investe cerca de US$ 6,4 milhões para apoiar vítimas

Em Angola, a falta de chuva durante os primeiros três meses do ano arrasou culturas e animais.
© Unicef Angola/2019/Carlos César
Em Angola, a falta de chuva durante os primeiros três meses do ano arrasou culturas e animais.

Com redução de chuvas em Angola, ONU investe cerca de US$ 6,4 milhões para apoiar vítimas

Ajuda humanitária

Sul do país sofre consequências das mais altas temperaturas em quatro décadas; mais US$ 575 milhões serão aplicados em ações pós-seca em áreas mais propensas; cerca de 500 mil crianças com menos de cinco anos passam fome nas regiões afetadas.

As Nações Unidas em Angola anunciaram que têm apoiado o governo no combate aos efeitos da seca no sul do país. Em 2019, as chuvas nessa região reduziram em 30% em comparação aos dois anos anteriores.

As secas são cíclicas no sul de Angola, mas este ano os efeitos afetam cerca de 2,3 milhões de pessoas. Destas, quase 500 mil são crianças menores de cinco anos.

Insegurança

Uma das situações que precisa de atenção urgente é a da província do Cunene. O número de afetados pela insegurança alimentar subiu de 250 mil em janeiro do ano passado para mais de 850 mil em março de 2019.

Desde 2016, Angola tem registado as temperaturas mais altas dos últimos 45 anos.

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Esta situação provoca a evaporação dos reservatórios naturais de água. A parceria entre a comunidade internacional e o governo angolano tomou medidas de curto prazo, incluindo a distribuição de alimentos e água, a abertura de poços e a distribuição de sementes.

As Nações Unidas investiram US$ 6,4 milhões do Fundo Central de Resposta de Emergências para diminuir o risco de mortes com apoio a setores como nutrição, água, saneamento e higiene, segurança alimentar, proteção e prevenção da violência de género.

O processo envolve o Fundo da ONU para a Infância, Unicef, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, FAO, o Fundo da ONU para a População, Unfpa, e a Organização Mundial da Saúde, OMS.

Nutrição

Ações para aumentar a resiliência da população incluem ligar grandes rios com canais e barragens para poupar água e realizar atividades em áreas como agricultura, previsão climática, redução de riscos de desastres, educação e saúde.

O governo de Angola também criou o Quadro de Recuperação Pós-Seca com apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pnud. O plano é investir US$ 575 milhões em áreas mais propensas a secas entre 2018 e 2022.

É nas províncias do Cunene, Huíla, Namibe, Bié e Cuando Cubango onde ocorrem secas periódicas com grandes consequências socioeconómicas pelas perdas agrícolas e pecuárias.

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Em Angola, a seca afeta mais de 2,3 milhões de pessoas, incluindo 491 mil crianças com menos de cinco anos, © Unicef Angola/Carlos Louzada

Cenário

A população local fica vulnerável a doenças devido à fome e ao acesso limitado a água de baixa qualidade. Outros problemas são a desnutrição aguda, grave e moderada. A taxa geral aumentou quase o triplo, em relação aos 4% da população habituais.

Nas províncias de Huíla e Cunene, cerca de 80% da população enfrenta insegurança alimentar e o seu estado nutricional é considerado comprometido. O cenário irá piorar se a atual estação chuvosa não for satisfatória.

A organização informou  que as pessoas mais vulneráveis tentam responder à crise percorrendo longas distancias em busca de água potável e alimentos se expondo a potenciais perigos.

Desnutrição grave

As mulheres podem sofrer com as desigualdades de género e chegar a ser vítimas de abusos em troca de bens. Já as crianças enfrentam a desnutrição grave, que afeta principalmente menores de cinco anos.

Nessas situações, aumenta o trabalho infantil, o que tem implicações no acesso à educação. Mais de 250 mil crianças estão em risco de abandonar a escola na província de Cunene.