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Seca agrava insegurança alimentar em Angola  BR

Criança de dois anos come uma pasta nutricional depois de ser testada para desnutrição em Angola
PMA/Pedro Domingos
Criança de dois anos come uma pasta nutricional depois de ser testada para desnutrição em Angola

Seca agrava insegurança alimentar em Angola 

Ajuda humanitária

Programa Mundial de Alimentos, PMA, diz que este é o pior episódio de seca em quatro décadas; falta de chuvas causou perdas de até 40% nas colheitas; crise já causou deslocamentos internos e algumas pessoas cruzaram fronteira para Namíbia.  

O Programa Mundial de Alimentos, PMA, alertou que a fome está aumentando em Angola. Nas províncias do sudoeste, o país vive seu pior episódio de seca em quatro décadas. 

Falando a jornalistas em Genebra, o porta-voz do PMA, Tomson Phiri, disse que a situação está prejudicando toda a estação das chuvas, que normalmente vai de novembro a abril. 

Seca 

O país vive episódios de seca desde dezembro do ano passado com precipitações abaixo da média nas províncias de Cuanza Sul, Benguela, Huambo, Namibe e Huíla. Não se espera que a situação melhore nos próximos meses, com chuvas acima da média. 

Pandemia terá impacto no desenvolvimento e nos planos que previam a passagem de Angola para economia de desenvolvimento médio
© Unicef Angola/2019/Carlos César
Pandemia terá impacto no desenvolvimento e nos planos que previam a passagem de Angola para economia de desenvolvimento médio

À medida que o abastecimento de água diminui, as colheitas são gravemente afetadas, com perdas de até 40%, e aumenta o risco para o sustento dos rebanhos. 

O PMA está extremamente preocupado, dada a insegurança alimentar crônica e as taxas de desnutrição nas áreas mais afetadas. 

A situação também gera movimentos migratórios nas áreas mais afetadas, com famílias se mudando para outras províncias e cruzando a fronteira com a Namíbia. 

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Apoio 

A agência da ONU está coordenando as avaliações de segurança alimentar e nutricional no sul do país.  

A análise de Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar, IPC, está prevista para o final de maio. 

O PMA também tem apoiado o governo nas áreas de alimentação escolar, avaliação da vulnerabilidade e continuará a monitorar de perto a situação e fornecer assistência técnica com base nas lacunas de resposta. 

Relatório 

Angola foi um dos países destacados em um relatório do PMA e da Organização da ONU para Alimentação e Agricultura, FAO, publicado esta semana.   

A pesquisa prevê um aumento do preço dos alimentos e informa que os valores cobrados pela farinha de mandioca e de milho, os principais alimentos básicos do país, já subiram 30% e 25% no ano passado, respectivamente.

As agências estimam que 1 milhão de pessoas sofrerão de insegurança alimentar em 2021, cerca de 17% acima da média de cinco anos.