Seca agrava insegurança alimentar em Angola
Programa Mundial de Alimentos, PMA, diz que este é o pior episódio de seca em quatro décadas; falta de chuvas causou perdas de até 40% nas colheitas; crise já causou deslocamentos internos e algumas pessoas cruzaram fronteira para Namíbia.
O Programa Mundial de Alimentos, PMA, alertou que a fome está aumentando em Angola. Nas províncias do sudoeste, o país vive seu pior episódio de seca em quatro décadas.
Falando a jornalistas em Genebra, o porta-voz do PMA, Tomson Phiri, disse que a situação está prejudicando toda a estação das chuvas, que normalmente vai de novembro a abril.
Seca
O país vive episódios de seca desde dezembro do ano passado com precipitações abaixo da média nas províncias de Cuanza Sul, Benguela, Huambo, Namibe e Huíla. Não se espera que a situação melhore nos próximos meses, com chuvas acima da média.

À medida que o abastecimento de água diminui, as colheitas são gravemente afetadas, com perdas de até 40%, e aumenta o risco para o sustento dos rebanhos.
O PMA está extremamente preocupado, dada a insegurança alimentar crônica e as taxas de desnutrição nas áreas mais afetadas.
A situação também gera movimentos migratórios nas áreas mais afetadas, com famílias se mudando para outras províncias e cruzando a fronteira com a Namíbia.
Apoio
A agência da ONU está coordenando as avaliações de segurança alimentar e nutricional no sul do país.
A análise de Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar, IPC, está prevista para o final de maio.
O PMA também tem apoiado o governo nas áreas de alimentação escolar, avaliação da vulnerabilidade e continuará a monitorar de perto a situação e fornecer assistência técnica com base nas lacunas de resposta.
Relatório
Angola foi um dos países destacados em um relatório do PMA e da Organização da ONU para Alimentação e Agricultura, FAO, publicado esta semana.
A pesquisa prevê um aumento do preço dos alimentos e informa que os valores cobrados pela farinha de mandioca e de milho, os principais alimentos básicos do país, já subiram 30% e 25% no ano passado, respectivamente.
As agências estimam que 1 milhão de pessoas sofrerão de insegurança alimentar em 2021, cerca de 17% acima da média de cinco anos.