No epicentro do surto, Guterres faz contato direto com a ação humanitária contra o ebola
Secretário-geral esteve com sobreviventes da doença em Mangina, na RD Congo; problema de liquidez de fundos para a resposta é "extremamente grave"; em Beni, chefe da ONU assegurou que soldados de paz continuarão atuando ao lado das forças congolesas.
O secretário-geral das Nações Unidas esteve este domingo em contato direto com a ação humanitária e sobreviventes do ebola na área de Mangina, onde há 13 meses começou o atual surto na República Democrática do Congo, RD Congo.
Ao chegar na região, António Guterres passou pela medição da temperatura como parte das ações adotadas devido à doença.
Fundos
De acordo com o chefe da ONU, até o momento foram garantidos apenas 15% dos fundos previstos para combater o ebola até o final do ano, o que “significa que há um problema de liquidez na resposta que é extremamente grave”.
Para Guterres, se for perdida uma semana na resposta ao surto, não será apenas uma semana mas pode ser perdida a guerra contra a doença.
Antes, o representante visitou a cidade de Beni e lembrou que além de se lidar com o ebola também se enfrentam problemas de saúde como sarampo, malária e cólera na área assolada por “grande insegurança”.
O chefe da ONU destacou ainda “a coragem dos habitantes” do território e homenageou 27 soldados de paz que morreram servindo os congoleses num monumento criado na região.
Apoio
Falando a jornalistas, o representante reafirmou o apoio total da Missão da ONU na República Democrática do Congo, Monusco, em ações de combate aos grupos armados.
O representante disse que os soldados de paz continuarão atuando ao lado das Forças Armadas da RD Congo e da Polícia Nacional Congolesa em prol da paz e segurança na região.
Para o representante, a Monusco tem um papel muito importante a desempenhar na RD Congo. Ele apontou que um dia, naturalmente, a maior operação do mundo “poderá fechar as portas, como aconteceu na Libéria, na Costa do Marfim e em outros países que resolveram os seus problemas”.
Mas Guterres apontou que “é preciso fazer uma revisão estratégica em andamento para melhorar o que se vem fazendo, para tornar essa operação de paz mais útil ao povo congolês em todas as áreas secundárias, mas também no campo político”.
Grupos Armados
O representante afirmou que “ao ser melhorada a ação da Monusco, conta depois com o Conselho de Segurança para alargar um mandato com os ajustes considerados necessários” para a operação de paz.
Guterres prestou solidariedade às pessoas mais próximas das vítimas da violência, condenou esses crimes e pediu aos grupos armados “que parem imediatamente com ataques aos civis e às forças de segurança que protegem aos congoleses”.
O chefe da ONU destacou ainda que forças de paz da Monusco também pagaram um preço alto ao serviço da paz. Para o secretário-geral, essas perdas apenas reforçam a determinação da ONU que fará tudo para ajudar a acabar com o flagelo da insegurança naquela região africana.