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Agências humanitárias lamentam “colapso” de trégua que ameaça vida de milhões de sírios BR

Crianças fugindo da escalada da violência em Idlib se abrigam em um campo de deslocados superlotado na vila de Atmeh, perto da fronteira turca na República Árabe da Síria.
Unicef/Watad
Crianças fugindo da escalada da violência em Idlib se abrigam em um campo de deslocados superlotado na vila de Atmeh, perto da fronteira turca na República Árabe da Síria.

Agências humanitárias lamentam “colapso” de trégua que ameaça vida de milhões de sírios

Paz e segurança

Nova onda de violência ameaça civis na área de Idlib, no noroeste do país; mais de 500 pessoas morreram e centenas ficaram feridas desde o início dos combates no final de abril.

A Força-Tarefa Humanitária do Grupo Internacional de Apoio à Síria considera “profundamente lamentável” que na segunda-feira tenha havido o colapso da cessação das hostilidades no noroeste do país.

O grupo condena a nova onda de violência que está ameaçando a vida de milhões de civis na área de Idlib, em nota emitida após uma reunião realizada esta quinta-feira, em Genebra. Entre as pessoas em perigo estão mais de 1 milhão de crianças.

Imagens do conflito na Síria, um dos países com maior número de refugiados e deslocados internos
Imagens do conflito na Síria, um dos países com maior número de refugiados e deslocados internos, by Acnur/Christopher Reardon

Necessidades

O apelo aos países é que usem sua influência para apoiar a redução da violência na região e  que se aumente o apoio às necessidades humanitárias críticas do país.

Agências de notícias informaram que as operações militares na região foram retomadas quatro dias após o anúncio da trégua, depois da recusa de grupos armados em respeitar o cessar-fogo que iniciou na última sexta-feira.

As agências humanitárias destacam que durante a interrupção dos combates, muitos civis voltaram para suas casas, e estão vivendo em áreas onde os ataques pesados voltam a colocá-los em grande risco.

Deslocados

Mais de 500 civis foram mortos e outras centenas ficaram feridos desde o início dos combates, no final de abril.

Nesse período, o ritmo do deslocamento “aumentou de forma alarmante”. Cerca de 400 mil pessoas deixaram suas áreas de origem, muitas delas por várias vezes. A  nota revela ainda que houve uma “esmagadora maioria” de pessoas que fugiu para áreas densamente povoadas.

O grupo de agências estima que mais 30 de mil pessoas foram deslocadas para áreas controladas pelo governo. O pedido feito na reunião é para que se “pare o bombardeio nos bairros sob controle do governo sírio”.

Entre as consequência dos ataques aéreos e de artilharia estão danos consideráveis causados em  dezenas de instalações de saúde, escolas, mercados, estações de água e outras infraestruturas civis.

Hospital Kafr Nubl é ambulância em ruínas, depois de ataque no início de maio de 2019.
Hospital Kafr Nubl é ambulância em ruínas, depois de ataque no início de maio de 2019. , by Foto: Unicef/Khalil Ashawi

Proteção

Para melhorar a segurança e a proteção do pessoal humanitário e de suas operações, a ONU pediu informações às partes que integram o sistema que foi criado para evitar conflitos. A organização quer saber o que ocorreu no noroeste da Síria este ano. A Turquia respondeu a alguns pedidos mais ainda é aguardada a resposta da Rússia.

A nota lembra  às partes no conflito  que elas “são legalmente obrigadas a cumprir suas obrigações sob o direito internacional humanitário, e que os autores de quaisquer violações do direito internacional humanitário devem ser responsabilizados”.

As agências declararam também que tiveram conhecimento das discussões para estabelecer uma “zona segura” no nordeste da Síria.

Intervenção

Outra preocupação dos atores humanitários são as declarações que sugerem uma possível intervenção militar, que “teria graves consequências em uma área que já testemunhou anos de atividade militar, deslocamentos, secas e inundações”.

A região também foi recentemente afetada por incêndios que causaram danos em culturas e na produção agrícola. Elas prometeram continuar com os esforços para apoiar os 1,6 milhão de necessitados na área, incluindo 604 mil deslocados internos.