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Bachelet condena assassinatos e deslocamentos na Síria apesar de 'cessar-fogo' BR

Hospital para mulheres e crianças em Idlib, na Síria, seriamente danificado por ataques aéreos.
Foto: Unicef
Hospital para mulheres e crianças em Idlib, na Síria, seriamente danificado por ataques aéreos.

Bachelet condena assassinatos e deslocamentos na Síria apesar de 'cessar-fogo'

Paz e segurança

Desde o início da escalada das violência em Idlib e arredores, de abril passado a janeiro deste ano, Escritório de Direitos Humanos da ONU verificou incidentes em que 1.506 civis foram mortos; para Bachelet, novo cessar-fogo “mais uma vez falhou em proteger os civis”.

A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, condenou nesta sexta-feira, a continuidade de assassinatos e deslocamentos de civis no noroeste da Síria. As ações ocorrem apesar do anúncio de um cessar-fogo, há quase uma semana.

Bachelet descreveu como mulheres, homens e crianças “estão sendo mortos e mutilados pela violência sem sentido".
Bachelet descreveu como mulheres, homens e crianças “estão sendo mortos e mutilados pela violência sem sentido". Foto: ONU News/Daniel Johnson

Bachelet pediu o fim imediato da violência dentro e ao redor da zona de "desescalonamento" de Idlib, e a proteção de todos os civis e da infraestrutura civil. Ela acrescentou que a "principal preocupação é a segurança dos moradores que permanecem em sério risco."

Violência

A chefe de direitos humanos da ONU disse ainda que “esse acordo, como outros em 2019, mais uma vez fracassou na proteção dos civis.” Ela afirmou que “é profundamente angustiante que os sírios ainda sejam mortos diariamente em ataques de mísseis, tanto por ar como em terra.”

Bachelet descreveu como mulheres, homens e crianças “estão sendo mortos e mutilados pela violência sem sentido” em casa, no local de trabalho, nos mercados e nas escolas.

Cessar-fogo

Apesar da implementação do cessar-fogo em 12 de janeiro e da abertura de “corredores seguros” pelo governo da Síria, os moradores continuam sujeitos a bombardeios. De acordo com o Escritório de Direitos Humanos da ONU, as forças pró-governo e os grupos armados não-estatais seguiram com os combates, com aparente desrespeito ao direito internacional humanitário e à proteção de todos os civis.

Os sírios continuaram sendo mortos e gravemente feridos antes, durante e após o “acordo de cessar-fogo”. Em 11 de janeiro, poucas horas antes da implementação do cessar-fogo, as operações militares na área se intensificaram e pelo menos 20 pessoas foram mortas em ataques aéreos que atingiram várias áreas em Idlib.

Mortes

Desde o início da escalada da violência em Idlib , de 29 de abril de 2019 a 15 de janeiro deste ano, o Escritório da ONU verificou incidentes em que 1.506 civis, incluindo 293 mulheres e 433 crianças, foram mortos.

Criança refugiada um acampamento de deslocados em Idlib.
Criança refugiada um acampamento de deslocados em Idlib. Foto: Unifeed

O Escritório registrou incidentes com sete pessoas de uma mesma família: uma mulher e seis meninas foram mortas quando a casa foi atingida na cidade de Binnish, na zona rural oriental de Idlib. Outros cinco civis, incluindo duas crianças, foram mortos na vila de al-Nairab.

Em 12 de janeiro, quatro pessoas foram mortas e três outras, incluindo duas crianças, foram feridas em ataques terrestres que atingiram vários bairros residenciais na cidade de Aleppo, controlada pelo governo. No dia 13,  uma pessoa perdeu a vida quando um míssil atingiu sua casa na aldeia de al-Dana, na zona rural de Maarat An Numan, que está sob o controle de grupos armados não-estatais.

Ataques

Em 15 e 16 de janeiro, o Escritório de Direitos Humanos da ONU recebeu relatos indicando que os ataques aéreos haviam sido retomados. Em 15 de janeiro, pelo menos 15 civis sírios , incluindo duas crianças, foram mortos e mais de 60 foram feridos em ataques aéreos que atingiram uma área industrial e o mercado de vegetais al-Hal na cidade de Idlib.

No mesmo dia, outro ataque aéreo atingiu a cidade de Ariha, no sul da zona rural de Idlib e feriu sete pessoas. Os ataques também provocaram danos estruturais numa escola de meninas.

Centenas de milhares de pessoas foram deslocadas pela violência e forçadas a atravessar zonas de conflito. Alguns fugiram para territórios menores no norte de Idlib, enquanto outros cruzaram áreas do norte de Alepo, sob o controle de grupos armados apoiados pela Turquia e onde os níveis de violência nessas áreas permanecem altos.